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Fernanda Magnotta

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Na guerra, Ucrânia volta ao top 10 de receptores de ajuda externa dos EUA

16.mar.2022 - O presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky é aplaudido de pé ao discursar para congressistas dos EUA - J. Scott Applewhite/Pool/AFP
16.mar.2022 - O presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky é aplaudido de pé ao discursar para congressistas dos EUA Imagem: J. Scott Applewhite/Pool/AFP

Colunista do UOL

23/04/2022 09h11

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É chamada de "ajuda externa" todo o dinheiro, a assistência técnica e demais recursos que um país fornece a outros como forma de apoiar interesses comuns. Normalmente, são doações direcionadas para instituições governamentais, organizações sem fins lucrativos, organismos multilaterais ou para outras entidades locais a fim de reforçar sua capacidade de ação ou reação diante de um desafio estabelecido.

No caso norte-americano, em particular, a ajuda externa costuma estar enquadrada em três categorias: 1) assistência humanitária; 2) assistência ao desenvolvimento; e 3) assistência à segurança. Grosso modo, portanto, ela costuma ocorrer pela via econômica ou pela via militar.

Em geral, os dados mostram que, de todas as regiões do mundo, a África Subsaariana, seguida do Oriente Médio/Norte da África são as regiões que mais recebem recursos dos Estados Unidos. A Europa/Eurásia, por sua vez, a que menos recebe doações.

De todo o orçamento disponível para ajuda externa no último ano, o compilado da ConcernUSA mostra que quase 25% foi direcionado a apenas 10 países, dentre os quais nenhum europeu. Embora os critérios de tabulação e análise das informações levem a rankings ligeiramente diferentes entre si, a lista dos que mais têm recebido recursos na última década inclui, em geral, países como Afeganistão, Congo, Etiópia, Iêmen, Jordânia, Nigéria, Síria, Somália, Sudão e Sudão do Sul.

No caso da Ucrânia, especificamente, o próprio governo norte-americano reporta que desde 1992, a USAID, agência responsável pelo tema, contribuiu com mais de US$ 3 bilhões em assistência. A primeira vista, esse número, quando comparado ao auxílio dado a outros países, não é dos mais expressivos. No entanto, tão logo seja atualizado para incluir o dispêndio ocorrido após a invasão da Rússia de 2022, ele promete atingir patamares dignos de nota.

Desde o período que antecede o ataque, os Estados Unidos estão envolvidos em programas que visam prover segurança energética e cibernética, assegurar o mínimo de infraestrutura e de funcionalidade das redes de comunicação, além de fornecer cuidados médicos primários, alimentos e água potável, bem como contribuir com políticas de refúgio e imigração relacionados à Ucrânia.

Do ponto de vista da articulação internacional, para além das ações centradas em torno do próprio presidente Joe Biden e dos secretários de Estado e Defesa, Samantha Power, a atual administradora da Agência para o Desenvolvimento Internacional e sua vice, Isobel Coleman, já visitaram pessoalmente, desde a invasão russa, aliados como Bélgica, Eslováquia, Geórgia, Moldávia e Polônia.

Elas também participaram de reuniões fundamentais para coordenar uma resposta coletiva à crise no leste europeu. Foram encontros ocorridos no âmbito da ONU (incluindo agências para assuntos humanitários, do Programa Alimentar Mundial e a OMS), diálogos junto ao FMI e Banco Mundial, envolvendo a União Europeia e suas estruturas de comando, bem como organizações internacionais como a Cruz Vermelha. De mesmo modo, elas estiveram com diversas autoridades da Ucrânia, como a Embaixadora nos Estados Unidos Oksana Markarova, membros do parlamento do país, bem como a vice-primeira ministra para a Integração Europeia e Euro-Atlântica, Olga Stefanishyna, e o primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmyhal. Samantha Power também falou diretamente com autoridades dos seguintes países: Canadá, Emirados Árabes Unidos, Eslováquia, Finlândia, Hungria, Índia, Moldávia, Polônia, Reino Unido, Romênia e Sri Lanka.

Do ponto de vista das ações diretas, a USAID implantou, logo após o início da guerra, uma equipe de resposta a desastres para responder às necessidades humanitárias na Ucrânia. Desde então, anunciou diversos pacotes de ajuda. Segundo o próprio escritório: "os Estados Unidos são o maior doador de assistência humanitária na Ucrânia e forneceram US$ 159 milhões em assistência humanitária geral à Ucrânia desde outubro de 2020". Em algumas poucas semanas depois do início da ocupação russa, os norte-americanos já haviam fornecido mais de US$ 100 milhões adicionais em assistência humanitária para o país.

Além das montas regularmente divulgadas pela vice-presidente Kamala Harris, a USAID também se mobilizou, nesses quase dois meses, para proteger o acesso à Internet na Ucrânia por meio de parceria público-privada com a SpaceX e foi responsável por direcionar US$ 500 milhões para o Fundo Fiduciário Multi-doador do Banco Mundial a fim de ajudar o governo ucraniano a sustentar suas operações. Espera-se que outros US$ 500 milhões em ajuda humanitária devam ser anunciados muito em breve.

Do ponto de vista militar, o presidente Joe Biden divulgou, há poucos dias, que os Estados Unidos enviariam à Ucrânia US$ 800 milhões em assistência de segurança. Outro pacote de mesma monta já havia sido enviado na semana anterior. O envio inclui artilharia pesada e armamento ofensivo. Estima-se que o valor total da assistência de defesa dos Estados Unidos para a Ucrânia desde o início da guerra já tenha sido de aproximadamente US$ 3,4 bilhões.

Vale acompanhar.