Fernanda Magnotta

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Opinião

Os 5 pilares que definirão a eleição presidencial dos EUA em 2024

As eleições presidenciais norte-americanas de 2024 prometem ser um dos momentos mais decisivos da história política recente do país. Há pouco mais de uma semana para o pleito, cinco fatores cruciais são aqueles que determinarão seu resultado - cada qual com complexidades próprias que merecem análise e atenção.

O primeiro e mais evidente ponto é, obviamente, a batalha pelos "swing states", um quebra-cabeça estratégico particularmente interessante. A disputa de 2024 concentra-se em sete estados específicos: Arizona, Carolina do Norte, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin.

De acordo com os dados oficiais do Federal Election Commission (FEC), em 2020, a margem de vitória na Pensilvânia foi de apenas 80.555 votos em um universo de 6,9 milhões de eleitores. Na Geórgia, a diferença foi ainda menor: 11.779 votos, conforme certificado pelo Georgia Secretary of State.

Essa margem estreita tem implicações profundas para as estratégias de campanha - enquanto Harris concentra esforços na chamada "Muralha Azul" do Meio-Oeste (Pensilvânia, Wisconsin e Michigan), Trump foca no "Cinturão do Sol" (Geórgia, Carolina do Norte e Arizona). O realinhamento demográfico nestes estados, especialmente nas áreas suburbanas, pode ser decisivo.

Um segundo fator fundamental é o comportamento do eleitorado masculino negro, que apresenta uma das transformações mais significativas no panorama eleitoral recente. Uma pesquisa abrangente conduzida pelo Pew Research Center revela que o apoio deste grupo ao Partido Republicano cresceu de 5% em 2008 para 19% em 2020.

Esta mudança é particularmente significativa em estados como Geórgia e Michigan, em que comunidades negras urbanas têm peso decisivo. O fenômeno reflete uma complexa interseção de fatores econômicos e sociais, com pesquisas apontando que questões como empreendedorismo e segurança pública têm ganhado relevância crescente neste segmento do eleitorado.

O terceiro elemento crucial é a dinâmica entre o voto motivado por entusiasmo e o voto de rejeição. Pesquisas da Gallup indicam que o nível de polarização partidária atingiu níveis históricos, com 82% dos eleitores reportando que votarão "contra" um candidato em vez de "a favor" de outro. Esta dinâmica tem implicações profundas para as estratégias de mobilização e pode definir o engajamento e a fidelidade do eleitorado em estados-chave.

O quarto aspecto é, portanto, o comparecimento eleitoral, que ganhou nova complexidade com as mudanças nas leis eleitorais estaduais. O U.S. Census Bureau documentou que nas últimas três eleições presidenciais, a participação variou significativamente: 61,8% em 2012, 61,4% em 2016 e 66,8% em 2020.

É importante lembrar que desde 2020, 18 estados aprovaram novas leis que afetam o acesso ao voto, incluindo mudanças nos requisitos para identificação do eleitor e no voto antecipado. O impacto destas alterações ainda é incerto, mas pode ser especialmente relevante em estados com histórico de margens apertadas.

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Por fim, a questão da contestação judicial dos resultados ganhou nova dimensão após 2020. Em 2000, a disputa Bush-Gore foi decidida pela Suprema Corte após 36 dias de batalhas legais na Flórida.

Em 2020, segundo levantamento do Stanford-MIT Healthy Elections Project, foram protocoladas 62 ações judiciais contestando resultados em diversos estados. Para 2024, diversos estados fortaleceram seus protocolos de certificação de resultados e auditoria eleitoral, mas o ambiente de desconfiança persiste. Espera-se que a apuração leve muitos dias para terminar. E é bastante provável que resultados sejam judicializados em diversos estados e instâncias.

O dia 05 de novembro se aproxima. Olhos atentos.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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