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Governo terá de dar explicação sobre gestão da invasão de embaixada

13.nov.2019 - Um apoiador de Guaidó (alto, de bigode e camisa branca) discute com militantes defensores de Maduro; embaixada da Venezuela em Brasília foi invadida - Pedro Ladeira/Folhapress
13.nov.2019 - Um apoiador de Guaidó (alto, de bigode e camisa branca) discute com militantes defensores de Maduro; embaixada da Venezuela em Brasília foi invadida Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Colunista do UOL

15/11/2019 12h23

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Deputados brasileiros querem explicações do Palácio do Planalto e do Itamaraty sobre a gestão da crise gerada pela invasão da embaixada da Venezuela em Brasília por aliados de Juan Guaidó, o líder da oposição.

Nos próximos dias, requerimentos de informação serão feitos ao Gabinete de Segurança Institucional, ao Itamaraty e à Secretaria-Geral da Presidência.

"É muito importante que o governo esclareça tudo para que não seja conivente com tantas ilegalidades que foram cometidas", declarou a deputada Samia Bomfim, do PSOL. Ela foi uma das três parlamentares que esteve dentro da embaixada, à convite dos diplomatas do governo de Nicolas Maduro.

O grupo de oposição no Brasil quer saber quais serão as providências que serão tomadas após a invasão contra os autores da iniciativa. "Essas pessoas devem ser investigadas e punidas pelo crime que cometeram", defendeu Samia. Outros deputados também irão se aliar ao requerimento, que deve ser apresentado no início da semana que vem.

Outro ponto que constará do requerimento será a questão da demora para que a embaixada tivesse seus invasores retirados, apesar da presença da Polícia Militar dentro do local. Samia lembra que, logo no início da tarde de quarta-feira, o governo já havia reconhecido que era uma invasão e a repudiava. "Mas foi apenas depois de cinco ou seis horas que foi possível que eles deixassem a embaixada", disse.

A coluna revelou, durante a invasão, que a Polícia Militar insistia que não tinha instrução do governo sobre como atuar.

No requerimento, o grupo de parlamentares também irá questionar o motivo pelo qual, neste ano, um dos líderes da invasão, Tomás Silva, esteve em duas ocasiões no Palácio do Planalto durante o governo de Jair Bolsonaro. Em ambas datas, as reuniões foram com o vice-presidente Hamilton Mourão, nos dias 24 de julho e 15 de abril deste ano.

"Causou estranhamento a notícia de que o vice-presidente Hamilton Mourão se reuniram com alguns dos invasores", disse. "Para além do alinhamento com Guaidó, talvez haja alinhamento e comprometimento com o ato da invasão, que foi absolutamente ilegal", afirmou a deputada.

Conforme o UOL revelou com, na agenda da reunião mais recente, consta que Mourão recebeu o diplomata como o "enviado especial para assuntos de Direitos Humanos do Presidente Juan Guido (sic)". Também participou do encontro Maria Teresa Belandria, nomeada embaixadora da Venezuela no Brasil por Juan Guaidó.

O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República informou nesta quarta que o presidente, Jair Bolsonaro, jamais tomou conhecimento e, muito menos, incentivou a invasão da Embaixada da Venezuela por partidários do Sr. Juan Guaidó.

Silva é tido como "o número dois" da embaixadora María Teresa e, assim que a invasão começou, gravou um vídeo em que se apresenta como líder da iniciativa.

O vídeo foi compartilhado pelo deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente. "Bem tranquilo diplomata Tomás Silva manda recado após entrar na embaixada da Venezuela no Brasil", escreveu o deputado, que é ainda o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.