Metrópoles ignoram negacionistas e se aliam para desenhar um "novo normal"
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Resumo da notícia
- Compromisso de trabalhar por um futuro mais sustentável pós-pandemia foi estabelecido por 40 cidades do mundo
- Juntas, elas contam com uma população de 750 milhões de pessoas
- Aliança conta com cidades como São Paulo, Nova Iorque, Los Angeles, Londres e Barcelona
As prefeituras de São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba se unem a algumas das grandes metrópoles do mundo para declarar um compromisso de que não deve haver um retorno à "normalidade" como existia antes da pandemia. Se o princípio de 'business as usual' for mantido, os prefeitos de mais de 40 cidades alertam que o planeta estará no caminho de registrar um superaquecimento e um desastre ambiental.
A declaração é uma forma de tentar moldar a recuperação da crise da COVID-19, sob novos princípios. A iniciativa foi ainda interpretada como um resposta à resistência de alguns governos, como o dos EUA ou Brasil, de assumir compromissos ambiciosos no que se refere às mudanças climáticas e acordos já estabelecidos. Juntas, as 40 cidades englobariam uma população de 750 milhões de pessoas.
"Prefeitos, representando milhões de pessoas em todo o mundo, se comprometem a construir uma sociedade melhor, mais sustentável e mais justa a partir da recuperação da crise da COVID-19", indicou um comunicado lançado nesta quinta-feira.
Fazem parte ainda da iniciativa cidades como Atenas, Barcelona, Bogotá, Boston, Buenos Aires, Chicago, Durban, Freetown, Hong Kong, Houston, Lima, Lisboa, Londres, Medellín, Seul e Sydney.
Um Grupo de Trabalho será estabelecido para que prefeituras possam adotar medidas concretas e influenciar pacotes de estímulo para que o foco seja colocado em uma economia mais sustentável.
O grupo, conhecido como C40, usará a experiência da economista Kate Raworth, criadora do modelo Doughnut Economics, na Universidade de Oxford. Seu princípio, já adotado em Amsterdã, é de um sistema em que o crescimento e desenvolvimento de uma cidade estejam baseados nos limites ambientais.
Em meio à quarentena, outras cidades também iniciaram medidas concretas para rever suas estruturas, inclusive físicas. Milão e a Cidade do México anunciaram a ampliação de ciclovias, enquanto Paris quer dar dinheiro a quem usar a bicicleta. Em Londres, as expectativas é de que o número de pedestres aumentará cinco vezes, em comparação aos dados antes da pandemia.
"A COVID-19 tem posto a nu as desigualdades sistêmicas encontradas com demasiada frequência no coração de nossas comunidades - e à medida que começamos a sair desta crise, devemos reconstruir uma economia que funcione verdadeiramente para todos", disse o presidente da C40 e prefeito de Los Angeles, Eric Garcetti.
"Nossa declaração de princípios proporcionará uma estrutura para uma recuperação justa - uma visão sustentável e eqüitativa que elevará nossos residentes mais vulneráveis e fará avançar o trabalho do nosso Global Green New Deal", disse.
"Nós, como líderes das principais cidades do mundo, somos claros que nossa ambição não deve ser um retorno ao "normal" - nosso objetivo é construir uma sociedade melhor, mais sustentável, mais resiliente e mais justa a partir da recuperação da crise da COVID-19", disseram.
Outro princípio é a de privilegiar a ciência, nas decisões políticas, além de dar especial atenção aos serviços de saúde.
O trabalho, segundo o ex-prefeito de Nova Iorque, Michael R. Bloomberg, deve ser o de "levar às cidades ao futuro, e não ao passado". "Precisamos de um novo normal", afirmou. Sadiq Khan, prefeito de Londres, também destacou que a recuperação pós pandemia deve conduzir a um modelo mais sustentável.
Bruno Covas, prefeito de São Paulo, declarou que a prioridade deve ser a de salvar vidas e reforçou o discurso em relação à ciência. "Em São Paulo, estamos enfrentando a Covid-19 de maneira séria e transparente. Nossas maiores armas são a ciência, informação correta e responsabilidade social", disse.
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