Tarifas dos EUA contra China chegam a pelo menos 145%; mercados reagem
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O governo de Donald Trump anunciou que as tarifas comerciais contra os produtos chineses somam um acumulado de 145%. O comunicado, feito hoje, representa mais uma escalada na guerra comercial entre EUA e China, um dia depois de o norte-americano ceder e suspender as taxas para dezenas de países.
O aumento é resultado de uma nova ordem executiva assinada por Trump, que elevou as tarifas de 84% para 125%. Uma tarifa adicional de 20%, vinculada à punição pelas importações relacionadas ao fentanil, fazem com que o nível real de barreiras atinja 145%. A taxa havia sido anunciada em 2 de fevereiro, em uma das primeiras ações do republicano contra a China.
As incertezas criadas pela política comercial de Trump geraram um tombo nos mercados nos últimos dias e o risco real de uma crise financeira nos EUA. O presidente admitiu ontem que o nervosismo do mercado havia conduzido sua equipe a rever as tarifas para os demais países e concentrar os ataques contra a China.
Hoje, porém, a revelação do real nível de tarifas fez uma vez mais o governo sofrer pressão dos mercados. Wall Street abriu no vermelho e o índice S&P 500 caiu 2,1% no início das negociações. A média industrial Dow Jones caiu 1,6% e o índice Nasdaq, voltado para a tecnologia, caiu 2,7%.
Logo depois, o Dow caiu 1.700 pontos, ou 4,2%. O S&P 500 ampliou suas perdas para 5% e o Nasdaq caiu 5,7%. Isso tudo depois do melhor dia da bolsa desde 2008.
A tensão continuou no mercado de títulos. O rendimento de 10 anos estava em 4,3% na manhã de quinta-feira, longe de ser considerado como um voto de confiança. O índice do dólar, que mede sua força em relação a seis moedas estrangeiras, caiu 1,6%.
As incertezas e as reviravoltas nos anúncios de Trump causaram um emaranhado de condições comerciais que está deixando governos e traders em dúvidas sobre o que está sendo realmente aplicado. Apesar de a tarifa chegar a pelo menos 145%, a taxa exclui produtos como aço e alumínio, bem como automóveis, sobre os quais Trump impôs tarifas separadas de 25% em regimes distintos.
O número também não se aplica a produtos como cobre, itens farmacêuticos, semicondutores, madeira serrada e produtos energéticos. Trump, porém, não descarta anúncios setoriais para atender a esses segmentos.
Ontem, o presidente dos EUA ampliou a incerteza ao indicar que estaria disposto a ouvir empresas americanas que busquem isenções de tarifas para importar bens que sejam fundamentais para seus respectivos setores.
Para analistas, recuperar a credibilidade depois do que ocorreu na última semana não será fácil para Trump. "Os títulos estão sinalizando que a pausa é significativa, mas não houve muita mudança fundamental", disseram os analistas do ING em uma nota aos investidores na quinta-feira. "Os mercados não esquecerão facilmente esses episódios com grandes oscilações de mercado", afirmou.
Já Janet Yellen, ex-secretária do Tesouro dos EUA, admitiu que a ameaça financeira pode ter tido um papel central na decisão de Trump de ceder. Em uma entrevista à CNN International, ela disse que a política comercial foi a "a pior ferida autoinfligida" que um governo impôs a uma economia.
63 comentários
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Ivan Leite Albanese
Hoje, China colhe os resultados da Revolução Comunista de 1949. Organização, disciplina, Educação, inteligência com qualidade de vida ascendente para um bilhão e meio de chineses. Por outro lado, EUA tentam evitar sua inevitável decadência, sempre mentindo, chantageando, ameaçando. Porta-aviões e 850 bases militares espalhadas pelo mundo. Contam ainda com a cumplicidade de gente ignorante, capachos e puxa-sacos iguais "patriotas" no Brasil. Parabéns China!
Joao Gomes de Paula Neto
Chega a ser comico, se nao fosse trágico.
Luiz Alberto Schmitz
Esse senhor já está sendo investigado pelo próprio Senado por óbvia manipulação de mercado.