ONU: No Brasil e no mundo, pandemia mudou para sempre as compras online
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A pandemia da covid-19 acelerou a mudança para um mundo mais digital e, na avaliação de uma pesquisa conduzida no Brasil e em outros países, pode ter modificado de maneira decisiva a forma pela qual consumidores vão às compras.
De acordo com uma pesquisa com cerca de 3.700 consumidores em nove economias emergentes e desenvolvidas, mais de 55% dos brasileiros indicaram que passaram a comprar mais online desde o início da pandemia. Entre a população com título universitário, o aumento foi de 59%. Entre jovens brasileiros de 16 a 24 anos, o salto foi de 60%.
Comida, roupa e produtos para a casa foram os que registraram o maior aumento no consumo online dos brasileiros.
Depois da pandemia, quase um quarto dos brasileiros indicaram que vão comprar mais online que em lojas. Outros 50% indicaram que comprariam tanto em lojas como no mundo virtual.
Foram levantados dados do comportamento também na China, Alemanha, Itália, Coréia do Sul, Rússia, África do Sul, Suíça e Turquia.
"Após a pandemia, mais da metade dos entrevistados da pesquisa agora fazem compras on-line com mais frequência e confiam mais na Internet para notícias, informações relacionadas à saúde e entretenimento digital", indicou.
A pesquisa também revela que foram os consumidores das economias emergentes que fizeram a maior mudança para as compras on-line.
"As mudanças que fazemos agora terão efeitos duradouros à medida que a economia mundial começar a se recuperar", disse o secretário-geral da Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento, Mukhisa Kituyi. Segundo ele, porém, esses dados ressaltam a urgência de garantir que todos os países possam aproveitar as oportunidades oferecidas pela digitalização à medida que o mundo passa da resposta pandêmica à recuperação.
Hoje, 47% da população mundial continua ainda fora da Internet. Na África, mais da metade da população segue desconectada.
A pesquisa, que contou com a colaboração da brasileira NIC.br, mostra que as compras on-line aumentaram de 6 a 10 pontos percentuais na maioria das categorias de produtos. Os maiores saltos ocorreram em produtos eletrônicos, farmacêuticos, educação, móveis e cosméticos.
Mas a pesquisa também revelou que, mesmo diante da migração, o gasto médio mensal online por comprador caiu acentuadamente diante da crise econômica. "Os consumidores, tanto nas economias emergentes quanto nas desenvolvidas, adiaram gastos maiores, com os das economias emergentes se concentrando mais em produtos essenciais", indica a pesquisa.
Com as restrições impostas, os setores de turismo e viagens sofreram o maior declínio, com a média de gastos por comprador on-line caindo em 75%.
Hábitos mudaram no Brasil
O estudo também revela como o Brasil passou por uma mudança profunda no comportamento dos consumidores.
"Durante a pandemia, os hábitos de consumo online no Brasil mudaram significativamente, com uma maior proporção de internautas comprando produtos essenciais, como alimentos e bebidas, cosméticos e medicamentos", disse Alexandre Barbosa, gerente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).
Os aumentos nas compras on-line durante a COVID-19 diferem entre os países, com o aumento mais forte observado na China e Turquia e o mais fraco na Suíça e Alemanha, onde mais pessoas já estavam se dedicando ao comércio eletrônico.
A pesquisa constatou que mulheres e pessoas com educação superior aumentaram suas compras on-line mais do que outras.
O principal salto ocorreu entre pessoas de 25 a 44 anos. No caso do Brasil, o aumento foi maior entre a população mais vulnerável e as mulheres.
Os gigantes digitais se fortalecem
A pesquisa também revelou que, durante a pandemia, as plataformas de comunicação mais utilizadas são a WhatsApp, Instagram e Facebook Messenger, todas de propriedade do Facebook.
No entanto, o Zoom e as equipes da Microsoft foram as que mais se beneficiaram do aumento do uso de aplicativos de chamadas de vídeo nos locais de trabalho. Na China, as principais plataformas de comunicação são WeChat, DingTalk e Tencent Conference, mostra a pesquisa.
Para o futuro, os entrevistados indicaram que as mudanças nas atividades on-line provavelmente durarão mais que a pandemia da COVID-19.
"A maioria dos entrevistados, especialmente os da China e Turquia, disseram que continuariam comprando on-line e se concentrando em produtos essenciais no futuro", revelou o estudo. Eles também continuariam a viajar mais localmente, sugerindo um impacto duradouro no turismo internacional.
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