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Bolsonaro é responsável por "tragédia humanitária", dizem entidades na ONU
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Em meio à pressão por mudanças em sua gestão da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro é alvo de ataques no Conselho de Direitos Humanos da ONU. A iniciativa é da Comissão Arns, em coordenação com a entidade Conectas Direitos Humanos.
Em discurso realizado pelas entidades nesta segunda-feira, as organizações irão condenar os rumos da saúde e economia e deboche do presidente sobre dor das famílias, no momento em que o país é o epicentro da pandemia no mundo e soma mais casos que nos EUA nos últimos 15 dias.
"A situação do Brasil é desesperadora", definiu a representante da Comissão Arns, Maria Hermínia Tavares de Almeida, professora titular aposentada de Ciência Política na Universidade de São Paulo (USP), ex-presidente da Associação Brasileira de Ciência Política e da Latin American Studies Association.
"Viemos aqui hoje para criticar as atitudes recorrentes do presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia", disse a representante.
"Ele desdenha das recomendações dos cientistas; ele tem, repetidamente, semeado descrédito em todas as medidas de proteção - como o uso de máscaras e distanciamento social; promoveu o uso de drogas ineficazes; paralisou a capacidade de coordenação da autoridade federal de Saúde; descartou a importância das vacinas; riu dos temores e lágrimas das famílias e disse aos brasileiros para parar 'de frescura e mimimi'", apontou.
As entidades ainda lembraram que as medidas econômicas e sanitárias em vigor no país ocorreram por determinação dos poderes legislativo e judiciário federal, bem como de governadores e prefeitos. "Todas as medidas econômicas e sanitárias atualmente em vigor devem-se a iniciativas do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal, dos governadores e prefeitos", disse.
"É por isso que estamos aqui, hoje, para chamar a atenção deste Conselho e apontar a responsabilidade do Presidente Bolsonaro em promover, por palavras e atos, uma devastadora tragédia humanitária, social e econômica no Brasil", afirmou a representante da Comissão Arns.
O grupo ainda destacou como a covid-19 está causando um "enorme impacto em perdas de vidas e dificuldades econômicas". "A doença atingiu desproporcionalmente a população negra e mais pobre, as comunidades indígenas e tradicionais. Viemos aqui hoje para denunciar as atitudes recorrentes do presidente Jair Bolsonaro em relação à pandemia", completou a acadêmica.
Ao longo das últimas duas semanas, o Brasil tem sido alvo de uma enxurrada de denúncias na ONU, com indígenas, grupos LGBT, movimento negro, ativistas, ambientalistas e outros apontando para a crise no país diante da recusa do governo em agir diante da pandemia.
Do lado do Itamaraty, a ordem é a de apresentar em cada discurso as ações do governo, rejeitar qualquer tipo de responsabilização e omitir qualquer iniciativa tomada por governadores, como no caso da vacina.
Na abertura da reunião da ONU, ainda em fevereiro, a ministra da Família, Mulheres e Direitos Humanos, Damares Alves, chegou a dizer que o governo estava "garantindo" a vacina para a população de risco.
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