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Brasil omite 'Rússia' e 'Putin' em debate na ONU sobre crise na Ucrânia
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O governo brasileiro omitiu referências ao presidente russo Vladimir Putin e evitou até mesmo citar a palavra "Rússia" em um debate nesta segunda-feira, no Conselho de Segurança da ONU, sobre a crise humanitária na Ucrânia. A reunião foi convocada diante do impacto da guerra liderada por Moscou contra as cidades ucranianas, gerando um êxodo de milhões de pessoas e, potencialmente, a pior crise humanitária na Europa em décadas.
Num discurso, a delegação brasileira se disse preocupada com os ataques contra civis, mas em cinco minutos de intervenção não mencionou em nenhum momento nem o nome do presidente russo e nem do país acusado de atacar a Ucrânia.
O Itamaraty tem votado ao lado de países ocidentais em resoluções que criticam a Rússia pelos atos na Ucrânia. Mas, em cada discurso, o governo explica sua postura, insistindo que a ação internacional precisa ser mais equilibrada e que ações como sanções ou o envio de armas devem ser evitadas.
Na sexta-feira passada, o representante da Rússia na ONU evitou criticar o Brasil em uma coletiva de imprensa e indicou que o governo de Jair Bolsonaro "entendia" o motivo das operações conduzidas pelo Kremlin. Nesta segunda-feira, o Brasil não apareceu na lista criada por Moscou de países considerados como "hostis".
Na ONU, nesta segunda-feira, uma vez mais, o Brasil optou por uma postura de evitar um ataque direto contra os russos. Ao discursar, a delegação do Itamaraty indicou que o Brasil estava "preocupado" com a situação humanitária do conflito na Ucrânia.
"Pedimos que todas as partes estabeleçam um cessar fogo e voltem a negociar", declarou o diplomata. Segundo ele, a atual situação "apenas pode gerar mais sofrimento e perdas". Para o Brasil, isso poderia ter um impacto regional, e não apenas para a Ucrânia.
Uma vez mais sem citar o governo russo que invadiu a Ucrânia, o Brasil pediu que "todas as partes" respeitem o direito humanitário internacional, incluindo ao usar novas tecnologias militares e em ações cibernéticas.
O Itamaraty ainda fez um apelo para que pausas e corredores humanitários sejam estabelecidos, insistindo que a população civil que opte por ficar ou sair terá de ser protegida. "As regras da guerra não são opcionais", disse o diplomata brasileiro.,
O governo ainda defendeu o acesso à assistência humanitária e apontou para o risco de maior morte de civis em cenários de guerras urbanas.
Apesar de não citar o nome da Rússia, o Brasil usou seu tempo para agradecer o trabalho de Hungria, Polônia e outros países da região que estão recebendo refugiados. Mas insistiu que os governos devem abrir suas fronteiras, sem qualquer tipo de discriminação. Nos últimos dias, grupos de direitos humanos acusaram postos de fronteira de estar deixando passar apenas ucranianos, fechando as portas para imigrantes africanos e sul-americanos.
O governo ainda defendeu que medidas sejam adotadas para proteger crianças e destacou como o Itamaraty está oferecendo vistos humanitários.
O Brasil ainda pediu que ataques contra infraestruturas civis, como hospitais e escolas, sejam evitados. Mas também alertou contra a imposição de sanções que aprofundem a crise entre a população.
Ao completar o discurso sem pronunciar uma só vez a palavra "Rússia", o Itamaraty destacou a necessidade de que o Conselho de Segurança contribua para uma solução pacífica do conflito e que possa chegar a um consenso sobre estabelecer corredores humanitários e aumentar o espaço para o diálogo e a diplomacia.
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