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Redes bolsonaristas ignoraram notícia da fome no Brasil
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No dia em que o Brasil leu que mais de 33 milhões de pessoas no país passavam fome, as redes bolsonaristas ignoraram o assunto. O principal tema não era o pão, mas o circo. O segmento ligado ao presidente Jair Bolsonaro preferiu manter os ataques contra a imprensa e contra a Justiça como foco de sua ação digital.
Nesta quarta-feira (08/06), um levantamento apontou que quase nenhuma palavra sobre o assunto foi publicada por este grupo. O estudo realizado a partir de postagens no Twitter indicou que a notícia foi destaque dos principais portais de noticia do país. Mas, segundo o Observatório de Conflitos na Internet da Universidade Federal do ABC, das 20 mensagens mais compartilhadas sobre o tema da fome no Twitter, 13 foram produzidas por perfis de esquerda, 6 de imprensa e somente 1 ligada ao bolsonarismo.
Mesmo assim, esse único bolsonarista presente entre os 20 Twitter mais compartilhados não comentou a fome. A publicação questionava a credibilidade da informação, uma estratégia comum da extrema-direita no mundo de deslegitimar o debate.
Uma parcela dos aliados de Bolsonaro acredita que a situação dos preços de alimentos e a crise social podem ser usadas pelos principais adversários do presidente. Em eventos internacionais, seus principais ministros também têm ignorado a crise social que vive o país, insistindo que a recuperação é uma realidade. Mesmo nos informes apresentados aos mecanismos da ONU, a realidade social do país é hoje omitida.
No que se refere ao próprio presidente, ele tampouco mencionou o assunto, mantendo a estratégia de não entrar em temas que o desfavoreça.
No mesmo dia, a opção de Bolsonaro foi por acusar a imprensa de "fake news", justamente no Dia Internacional da Liberdade de Imprensa.
Levantamentos também revelam que, diante do agravamento da crise social, o que se vê no mundo digital é um aumento dos ataques contra a Justiça, contra o processo eleitoral e aos seus ministros.
Tal comportamento foi verificado entre os dias 29 de maio e 6 de junho, com referências ao TSE e aos ministros do STF. Nesta mesma semana, foram identificados 94 vídeos no YouTube com um total de 4,3 milhões de visualizações mencionando os ministros Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes.
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