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Imagem do Brasil é de retrocesso e democracia está em jogo, diz líder da UE
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Nas eleições em outubro no Brasil, o que está em jogo não é apenas o partido que irá assumir o governo no país a partir de 2023. Para a eurodeputada Iratxe Garcia, líder de um dos maiores movimentos políticos na Europa, Socialista e Democrática, o que está em jogo é a democracia.
Nesta semana, ela lidera uma delegação de deputados europeus ao Brasil, numa missão destinada a aprofundar as relações com movimentos sociais e partidos de esquerda. Mas também para dar uma mensagem de apoio ao processo democrático. Entre os encontros que o grupo terá, um deles será com o ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em entrevista ao UOL antes de embarcar para o Brasil, a eurodeputada insiste que o país é hoje governado por uma "direita retrógrada" e que a imagem que o Brasil tem no mundo é de um local onde houve uma destruição das conquistas sociais de décadas.
Hoje, ela lidera um bloco que conta com 145 deputados no Parlamento Europa e é a segunda maior força política na instituição. Eis os principais trechos da entrevista:
Chade - Por qual motivo a senhora vai ao Brasil neste momento com uma delegação de deputados europeus?
Iratxe Garcia - É um momento muito importante em toda a região da América Latina e, claro, no Brasil. Isso por conta da situação política e da virada que a região está atravessando, para uma visão mais progressista que coincide com os valores que defendemos na Social-Democracia da Europa. Além disso, a situação política no Brasil com o governo populista de Bolsonaro, sem dúvida, nos faz ver a importância que é estreitar os laços com o país e entre as famílias políticas que temos afinidades, na esquerda.
Logo teremos eleições no Brasil, com uma possível mudança de governo que irá dar esperança para a cidadania. Há muito o que nos une e é um momento muito importante para o país, politicamente. Temos de estreitar essa cooperação.
No mundo, o que significa a eleição no Brasil e o que está em jogo?
Vai muito além da disputa pelo poder. É a defesa de valores como a democracia. Vimos como os movimentos populistas de extrema-direita não estão isolados numa parte do mundo. Vimos com Donald Trump nos EUA, na Europa com governos totalitários e populistas na Hungria e Polônia. E vimos nesses últimos anos no Brasil.
A democracia e os direitos humanos são conquistas que precisamos alimentar todos os dias. Nunca está garantido para o resto da vida. Pode haver retrocesso. Mas também podem ser reconquistadas. E esse é o momento importante que vive o Brasil, hoje. Vimos no Brasil um governo que deteriorou a luta pela justiça social, pela igualdade, pelo meio ambiente e pobreza.
Nos últimos anos, qual foi a imagem que se projetou do Brasil no cenário internacional?
A imagem de uma direita retrógrada, que não respeita os avanços sociais e nem as conquistas que foram alcançadas nas últimas décadas para a defesa dos coletivos, como o LGBT, mulheres e tantos outros. Houve um retrocesso claro e essa é a imagem do Brasil. Claro, também a deterioração das políticas climáticas, a Amazônia e direitos trabalhistas.
A imagem do Brasil no mundo, portanto, é que há uma direita populista que pode destroçar as políticas sociais que, por tanto tempo, foram conquistadas.
E isso afetou a capacidade de protagonismo do Brasil na política internacional?
Claro, assim como a postura do Brasil de defesa do multilateralismo, que foi suspensa durante os anos de Bolsonaro. Precisamos colocar os desafios comuns sobre a mesa, como a questão social, meio ambiente, e tantos outros. Temos uma agenda comum que estava bloqueada nos últimos anos e que, agora, pode abrir um campo de oportunidades para que seja retomada.
Vimos o que ocorreu nos EUA com uma tentativa de golpe, a partir de uma mobilização pelas redes sociais e uma ideologia de extrema-direita. A senhora teme que algo parecido possa ocorrer no Brasil? O mundo olha ao processo eleitoral brasileiro com preocupação?
Há uma preocupação em todo o mundo com algo que tem relação com a manipulação das redes sociais, fake news e a interferência em processos eleitorais. Não é um problema exclusivo ao Brasil, mas certamente também é uma realidade.
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