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Governos estrangeiros recomendam distanciamento de Bolsonaro
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Os sequestros por parte da campanha de Jair Bolsonaro das viagens ao funeral da rainha Elizabeth 2ª, em Londres, e à abertura da Assembleia Geral da ONU levaram governos estrangeiros a consolidar uma orientação de evitar qualquer contato mais explícito, assinatura de acordos ou entendimentos com o Palácio do Planalto, até pelo menos que a eleição seja definida no Brasil.
Principalmente na Europa, autoridades já tinham adotado uma postura de cautela em relação ao governo de Jair Bolsonaro, com a própria Comissão Europeia trabalhando internamente com a perspectiva de que, em 2023, o presidente brasileiro já seria outro.
Fontes diplomáticas confirmaram que, ao longo dos meses, a opção pelo distanciamento ganhou força depois que Bolsonaro usou um encontro com embaixadores estrangeiros em julho para mentir sobre o sistema eleitoral brasileiro. Pelo protocolo, as embaixadas estrangeiras não poderiam deixar de atender ao convite do chefe de estado do país onde estão alocadas. Mas muitos dos embaixadores se sentiram "usados" ao entenderem que eram palco para uma campanha eleitoral e contra as urnas.
O mal-estar ganhou uma nova proporção na semana passada, depois que Bolsonaro usou até mesmo o funeral da monarca britânica para fazer campanha. Em embaixadas estrangeiras em Brasília, a percepção é de que o presidente não respeitará nenhum protocolo, luto ou normas a partir de agora.
A reportagem apurou que, em diversas democracias, a orientação foi a de suspender qualquer contato mais frequente com as autoridades brasileiras para evitar a repetição do cenário constrangedor.
"Para muitos de nós, ele já é um pato manco", explicou um diplomata estrangeiro, numa referência ao conceito em inglês de um presidente que já não governa e que apenas está aguardando o prazo para se retirar.
Diplomatas brasileiros passaram a ser informados por seus homólogos em diferentes capitais que decisões estratégicas sobre o Brasil aguardariam uma definição dos resultados eleitorais. Essa é uma forma elegante para dizer que, por enquanto, os contatos se limitariam aos necessários e aos temas urgentes.
Mas enquanto os contatos com o governo Bolsonaro passam a ser limitados, autoridades estrangeiras proliferam encontros com membros da sociedade civil brasileira, indígenas e grupos de oposição ao presidente.
Nesta semana, tanto a Comissão Europeia, como a presidência do Parlamento Europeu e relatores da ONU receberão em Bruxelas e em Genebra uma delegação de indígenas brasileiros. Faltando menos de uma semana para a eleição, o gesto foi interpretado por observadores internacionais como um recado claro de que essas entidades não estão de acordo com o posicionamento políticos de Bolsonaro sobre temas ambientais e de direitos humanos.
Nas últimas semanas, governos europeus, o Vaticano e congressistas americanos também seguiram o mesmo padrão, abrindo suas portas para entidades da sociedade civil brasileira. O motivo: a eleição brasileira e um eventual movimento de ruptura democrática por parte de Bolsonaro.
Conforme o UOL revelou no último dia 20, uma articulação também tem sido realizada entre governos estrangeiros para que haja um reconhecimento do resultado divulgado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), evitando que se abra uma brecha para que Bolsonaro tenha apoio internacional no caso de um ato de contestação.
Dias depois, a embaixada americana em Brasília foi a primeira a sinalizar nesta direção. Nas redes sociais, o governo de Joe Biden indicou que considerará como legítimo o resultado chancelado pelo sistema eleitoral brasileiro, e não por meio de uma negociação.
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