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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Parlamentares dos EUA e Brasil negociam colaboração para investigar ataques

Colunista do UOL

11/01/2023 20h33

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Deputados brasileiros e americanos estão em conversas preliminares para avaliar de que forma uma colaboração poderia ocorrer entre os dois Legislativos para permitir uma investigação sobre os ataques golpistas contra Brasília, no domingo.

Segundo uma notícia exclusiva publicada pela agência Reuters, essas conversas preliminares foram mantidas com deputados americanos que participaram do comitê que investigou os ataques de 6 de janeiro de 2021, contra o Capitólio. De acordo com a agência de notícias, um dos envolvidos nas conversas seria Bennie Thompson, presidente do comitê americano que foi dissolvido.

Seu trabalho foi encerrado com a recomendação para que Donald Trump fosse indiciado.

No Brasil, a Reuters aponta que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, teria mantido conversas com o principal diplomata americano em Brasília. E, segundo seu gabinete, o representante dos EUA estaria disposto a explorar caminhos.

O UOL confirmou entre deputados que as conversas estão ocorrendo desde segunda-feira. Mas que ainda não se sabe nem o formato e nem os caminhos de uma cooperação.

O que chama a atenção de analistas e políticos de ambos os lados é a semelhança entre os ataques nos EUA em 2021 e o que o Brasil viveu em 2023. A presença de bolsonaristas na Flórida, além do próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, também tem despertado o interesse de congressistas americanos, que pressionam o presidente Joe Biden a não acolher o brasileiro.

Fontes que trabalham em Washington com as relações entre Brasil e EUA também confirmam que existe um forte movimento de conversas neste momento entre parlamentares de ambos os lados. Mas que seria prematuro falar na existência de uma colaboração efetiva.

Enquanto uma colaboração efetiva não ocorre, um grupo de mais de 60 parlamentares americanos e brasileiros divulgou nesta quarta-feira (11) uma declaração conjunta na qual condena "atores autoritários e antidemocráticos da extrema direita" que agem em conluio para atacar as democracias do Brasil e dos EUA.

O Washington Brazil Office foi o responsável pela articulação da iniciativa entre os parlamentares dos dois países. O texto cita tanto os ataques ao Capitólio quanto os ataques à Praça dos Três Poderes.

"Não é segredo que agitadores da extrema direita no Brasil e nos EUA estão coordenando esforços", afirmaram os deputados de ambos os lados.

Exemplo disso, segundo eles, são os encontros entre o deputado federal Eduardo Bolsonaro e ex-assessores de Donald Trump, como Jason Miller e Steve Bannon, que "encorajaram Bolsonaro a contestar os resultados das eleições no Brasil".

Bannon, nesta semana, aplaudiu as ações golpistas em Brasília e, em seu programa diário, difundiu mentiras sobre a eleição no Brasil e seus resultados.

Assinaram a declaração deputados e senadores como Alexandria Ocasio-Cortez, Bernie Sanders e Jamie Raskin. Do lado brasileiro, aderiram Alessandro Molon (PSB-RJ), André Janones (AVANTE-MG), Érika Hilton (PSOL-SP), Fernanda Melchionna (PSOL-RS), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Guilherme Boulos (PSOL-SP), Joenia Wapichana (REDE-RR), Randolfe Rodrigues (REDE-AP), Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e outros.

Antes, durante uma reunião de emergência da OEA, o governo americano voltou a condenar os ataques e disse que atos são inaceitáveis. A Casa Branca ainda indicou que apoia o Brasil em sua busca para "proteger as instituições e encontrar os responsáveis".