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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Presença de mulheres no Congresso brasileiro é inferior à média mundial

Colunista do UOL

03/03/2023 06h03

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A participação de mulheres nos processos eleitorais no Brasil aumentou em 2022. Mas o país continua abaixo da média mundial e abaixo mesmo da média da presença de mulheres nos poderes legislativos latino-americanos.

Esses são os resultados do novo informe anual apresentado nesta sexta-feira pela União Inter-Parlamentar (UIP). Para a entidade, o resultado da eleição brasileira de 2022 colocou um número recorde de mulheres no Poder Legislativo. Mas a taxa continua sendo insuficiente até mesmo para equiparar o país à realidade de seus vizinhos.

De acordo com a UIP:

  • Pela primeira vez na história, todos os parlamentos no mundo têm pelo menos uma mulher
  • Mas o avanço das mulheres nesses poderes é lento e, no atual ritmo, o mundo precisa de 80 anos para atingir paridade entre homens e mulheres no Legislativo
  • Nas 47 eleições que ocorreram pelo mundo em 2022, as mulheres venceram 25,8% assentos. Isso representa um aumento de 2,3 pontos percentuais em comparação às eleições passadas.
  • No mundo, 26,5% dos assentos de todos os parlamentos estão sendo ocupados por mulheres, um aumento de apenas 0,4% no ano e a expansão mais baixa em seis anos.
  • Brasil fica abaixo da Somália, da média mundial e regional

No Brasil, a entidade comemora o fato de que um número recorde de mulheres negras se apresentou para as eleições de 2022, 4,8 mil entre 26 mil candidatas. Uma tendência parecida foi identificada nos EUA, Colômbia ou França.

Mas os avanços no Brasil são insuficientes e o país continua bem abaixo da média mundial. De acordo com os dados, a participação de mulheres na Câmara de Deputados é de 17,7%, contra apenas 16% no Senado.

A taxa brasileira é ainda próxima aos índices que existiam na Europa há quase 30 anos. "O Brasil ainda está abaixo da média mundial e regional, e tem um longo caminho para atingir paridade", afirmou Martin Chungong, secretário-executivo da entidade.

De 43 eleições avaliadas em 2022, o Brasil ocupou apenas a 30o posição, abaixo da Somália, Guiné Equatorial, Bahrein ou Quênia. Dos 513 assentos na Câmara, apenas 91 estão ocupados por mulheres.

Nos 19 processos eleitorais em 2022 para senados pelo mundo, o Brasil ficou apenas na 16a posição, com apenas 13 senadoras entre 81 assentos.

Chungong espera que a nova fase da política brasileira, com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, abra a possibilidade para que avanços possam ocorrer na representatividade de mulheres no poder.


Paridade é exceção

No total, apenas seis países agora têm paridade de gênero (ou uma proporção maior de mulheres do que homens) em sua câmara inferior ou única a partir de 1 de janeiro de 2023. Eles são:

Nova Zelândia
Cuba
México
Nicarágua
Ruanda e
Emirados Árabes Unidos


Outros ganhos notáveis na representação feminina foram registrados na Austrália, com resultado mais forte do ano, com um recorde de 56,6% de cadeiras conquistadas por mulheres no Senado), além de Colômbia, Guiné Equatorial, Malta e Eslovênia.

Nas 15 câmaras europeias que foram renovadas em 2022, houve pouca mudança na representação das mulheres, estagnando em 31%.