Jamil Chade

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Brasil condena atos e convoca reunião fechada do Conselho de Segurança


O governo brasileiro anuncia que, na condição de presidência do Conselho de Segurança da ONU, convocou uma reunião de emergência do órgão para lidar com a crise palestina. A presidência brasileira ocorre durante o mês de outubro e, entre as funções, está a de determinar a agenda do Conselho, em consultas com os demais membros.

O encontro ocorrerá já neste domingo e, diante da gravidade da situação, a reunião será fechada. De acordo com diplomatas do alto escalão, as principais potências preferiram que o debate não seja público, justamente por conta da volatilidade da crise e ainda da falta de detalhes sobre a realidade em Gaza.

As reuniões são fechadas apenas quando o cenário é considerado de extrema gravidade e risco para segurança internacional.

Numa nota divulgada pelo Itamaraty, o governo brasileiro "condena a série de bombardeios e ataques terrestres realizados hoje em Israel a partir da Faixa de Gaza". A chancelaria ainda "expressa condolências aos familiares das vítimas e manifesta sua solidariedade ao povo de Israel".

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva havia rompido com a postura do ex-presidente Jair Bolsonaro, de se alinhar completamente ao posicionamento de Israel. Nos últimos quatro anos, o Brasil abandonou sua tradicional postura de apoio aos palestinos e foi um dos poucos países do mundo a votar ao lado de Israel na ONU. Com o governo Lula, houve um reposicionamento do Brasil, retornando à tradição que marcou a chancelaria por décadas.

Na nota publicada neste sábado, portanto, o governo brasileiro não deixa de condenar o Hamas. Mas insiste que a segurança precisa ocorrer para ambos os lados.

"Ao reiterar que não há justificativa para o recurso à violência, sobretudo contra civis, o Governo brasileiro exorta todas as partes a exercerem máxima contenção a fim de evitar a escalada da situação", afirma.

Ainda assim, o teor da nota causou certo desconforto em parte da diplomacia brasileira, que queria uma menção mais explícita sobre o fato de que Israel ocupa de forma ilegal territórios palestinos.

Neste caso, porém, a declaração evitou entrar nesse debate.

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O governo ainda indicou que "não há, até o momento, notícia de vítimas entre a comunidade brasileira em Israel e na Palestina".

"O Brasil lamenta que em 2023, ano do 30º aniversário dos Acordos de Paz de Oslo, se observe deterioração grave e crescente da situação securitária entre Israel e Palestina. Na qualidade de Presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Brasil convocará reunião de emergência do órgão", anunciou.

O governo brasileiro ainda usou a nota para "reitera seu compromisso com a solução de dois Estados, com Palestina e Israel convivendo em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas".

"Reafirma, ainda, que a mera gestão do conflito não constitui alternativa viável para o encaminhamento da questão israelo-palestina, sendo urgente a retomada das negociações de paz", completa.

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