Conselho de Segurança é convocado às pressas, e Israel pede ação contra Irã
Os ataques do Irã contra Israel levaram a comunidade internacional a convocar uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU. O encontro ocorre neste domingo (14), em Nova Iorque, depois de um pedido feito por Israel e apoiado pelos EUA e outros membros do órgão.
Duramente abalado em sua credibilidade diante da incapacidade de frear a guerra em Gaza, o Conselho vive uma crise existencial. Agora, o ataque de Israel contra o consultado iraniano em Damasco e a retaliação de Teerã neste sábado abrem um desafio ainda maior para a entidade.
Durante o encontro, Israel vai pedir que a Guarda Revolucionária Iraniana, o principal pilar do regime em Teerã, seja designada como uma entidade terrorista. A proposta dificilmente será aprovada por Rússia e China.
O governo de Benjamin Netanyahu, que não cumpriu nenhuma das resoluções da ONU contra Israel, agora vai propor "medidas" do Conselho contra Teerã. Na carta que solicita a convocação da reunião, Israel não cita os ataques contra o consultado iranianos em Damasco e que matou um dos seus principais militares.
Segundo Teerã, foi o bombardeio de 1º de abril que gerou a retaliação deste sábado. Num comunicado na ONU e a diplomatas na região, o Irã ainda insistiu que sua resposta estava "concluída". Mas alertou que iria adotar medidas ainda mais severas que Israel ou os EUA optarem por reagir.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou "veementemente a grave escalada representada pelo ataque". "Peço a cessação imediata dessas hostilidades", disse.
Mas é a consequência dos ataques que inquieta o chefe da diplomacia da ONU.
"Estou profundamente alarmado com o perigo muito real de uma escalada devastadora em toda a região. Peço a todas as partes que exerçam o máximo de moderação para evitar qualquer ação que possa levar a grandes confrontos militares em várias frentes no Oriente Médio", pediu. "Nem a região nem o mundo podem se permitir outra guerra", insistiu Guterres.
Eis a carta completa de Israel ao Conselho de Segurança da ONU:
Seis meses após o brutal ataque terrorista do Hamas* em 7 de outubro, desejo expressar minha indignação em relação ao ataque contra o Estado de Israel pelo regime iraniano, que mais uma vez enfraquece as resoluções do Conselho de Segurança, promove a instabilidade e representa uma grave ameaça à paz e à segurança internacionais. Hoje, o Irã lançou um ataque direto de dentro de seu território com mais de 200 UAVs, mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos contra Israel, em clara violação da Carta da ONU e do direito internacional. O Irã também se orgulhou publicamente do ataque. O ataque é uma escalada grave e perigosa.
O Irã continua a violar suas obrigações internacionais, evidenciadas pelo ataque de hoje contra Israel, em violação à Resolução 2231 (2015) do Conselho de Segurança, e pela aceleração do ritmo de suas transferências de armas para o Hezbollah, em violação à Resolução 1701 do Conselho de Segurança. O Irã tem sido o arquiteto da instabilidade há anos, por meio do Hamas, dos Houthis, do Hezbollah e de outros representantes. Mas agora ele está na frente e no centro de suas ações para cumprir sua ambição de atacar Israel.
Esses ataques a Israel fazem parte de uma perigosa tendência de deterioração, conforme refletido em minhas várias cartas enviadas a Vossa Excelência nos últimos anos, representando uma ameaça concreta à paz e à segurança de toda a região. Israel alertou a comunidade internacional sobre as aspirações do Irã, além de suas atividades terroristas e do apoio a representantes do terror, incluindo o financiamento e o armamento do Hamas e do Hezbollah. O ataque iraniano ocorre após a apreensão de um navio de carga civil português pela Guarda Revolucionária Iraniana.
A gravidade e o volume dos ataques não têm precedentes e são uma violação flagrante da soberania de Israel, do direito internacional e das resoluções do Conselho de Segurança. O Irã representa uma ameaça direta à paz internacional e viola descaradamente a Carta da ONU e as resoluções do Conselho de Segurança. Chegou a hora de o Conselho de Segurança tomar medidas concretas contra a ameaça iraniana.
Confirmo a solicitação de Israel de convocar imediatamente uma reunião do Conselho de Segurança para condenar inequivocamente o Irã por essas graves violações e agir imediatamente para designar o IRGC como uma organização terrorista.
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