Brasil: Ordem de prisão de opositor dificulta solução pacífica na Venezuela
Num comunicado publicado nesta quarta-feira, os governos de Brasil e Colômbia afirmam que o pedido de prisão emitido contra o candidato da oposição na Venezuela, Edmundo Gonzalez, irá dificultar uma solução pacífica para a crise que se instalou no país desde a eleição em julho.
O texto, porém, evita condenar o governo de Nicolás Maduro, como fizeram outros países latino-americanos, a ONU, o governo dos EUA e a União Europeia.
"Os governos de Brasil e Colômbia manifestam profunda preocupação com a ordem de apreensão emitida pela Justiça venezuelana contra o candidato presidencial Edmundo González Urrutia, no dia de ontem, 2 de setembro", disse uma nota emitida pelos dois governos.
"Esta medida judicial afeta gravemente os compromissos assumidos pelo Governo venezuelano no âmbito dos Acordos de Barbados, em que governo e oposição reafirmaram seu compromisso com o fortalecimento da democracia e a promoção de uma cultura de tolerância e convivência. Dificulta, ademais, a busca por solução pacífica, com base no diálogo entre as principais forças políticas venezuelanas", completam.
A preocupação do Brasil sobre o impacto na negociação havia sido revelada ainda na segunda-feira pelo UOL. A aposta de colombianos e brasileiros era de conseguir que ambos os lados na Venezuela aceitassem o estabelecimento de um diálogo, capaz de conduzir a um processo negociado e uma solução política para a crise.
O governo colombiano chegou a apresentar uma proposta que previa um governo de união nacional, o fim das sanções americanas e anistia a todos os envolvidos, tanto no governo como na oposição. A etapa final seria a convocação de novas eleições.
Internamente, o governo brasileiro admite que a situação é cada vez mais complicada.
O que aconteceu?
A Procuradoria-Geral em Caracas anunciou um pedido de prisão do candidato presidencial opositor de Nicolás Maduro e, horas depois, um tribunal de primeira instância acatou a solicitação.
A ordem de captura ficará sob a responsabilidade do Corpo de Investigações Científicas, Criminais e Criminalísticas e muda de forma dramática qualquer perspectiva de uma mediação.
O documento que solicita a prisão menciona crimes de conspiração e sabotagem ao sistema. Um das principais críticas por parte da ONU ao governo de Maduro é o seu controle de todo o sistema judiciário, incluindo a Procuradoria e cortes.
Maduro, dias depois da eleição, havia defendido a prisão tanto de González como de Maria Corina Machado. Agora, seu sistema judicial colocou em andamento o processo. Além do pedido de prisão do opositor, a repressão de Maduro deteve mais de 2.000 pessoas nas últimas semanas, segundo a ONU.
Edmundo González, segundo a denúncia, é alvo de uma investigação que apura a disseminação de informações por parte do site "Resultados com VZLA", responsável por divulgar dados sobre a eleição.
Maduro anunciou que foi o vencedor do pleito, mas nunca divulgou as atas das sessões eleitorais. González, por sua vez, também declarou ter vencido.
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