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Jamil Chade

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Reportagem

Trump faz comício em Nova York e é acusado de repetir ato nazista de 1939

Em fevereiro de 1939, poucos meses antes de Adolf Hitler invadir a Polônia e começar a Segunda Guerra Mundial, um dos palcos mais célebres dos EUA sediou uma reunião do movimento nazista americano. No Madison Square Garden, os organizadores ergueram uma foto de George Washington e iniciaram o ato com um apelo para que os "o governo dos EUA seja devolvido ao povo americano". 20 mil norte-americanos estavam presentes.

Não por acaso, neste domingo, o evento organizado por Donald Trump no mesmo palco, e que marca sua corrida final na campanha eleitoral, está sendo comparado por membros do Partido Democrata à iniciativa nazista de 1939.

UOL acompanha evento

O UOL entrou no Madison Square Garden quatro horas antes do discurso do candidato republicano e presenciou um público que faz questão de ignorar qualquer menção às suas características antidemocratas. As referências ao republicano são frequentemente associadas a armas, com ele vestido como Rambo.

A reportagem presenciou ainda como bandeiras de grupos que participaram da invasão ao Capitólio, em 2021, circulavam sem constrangimento entre seus apoiadores.

Apoiadores de Trump em comício em Nova York
Apoiadores de Trump em comício em Nova York Imagem: Jamil Chade/UOL

Assim que o evento começou, os convidados de Trump para subir ao palco - um a um - ironizaram as comparações por parte dos democratas com o ato de 1939.

Em cada um dos discursos, o foco era reforçar o nacionalismo, atacar o Judiciário e mostrar os fracassos de Joe Biden e Kamala Harris.

O empresário Grant Cardone, por exemplo, puxou vaias contra os democratas que querem aumentar impostos sobre os mais ricos, e denunciou os "benefícios dados aos ilegais". Já um artista pintou, ao vivo, uma bandeira dos EUA, alertando que o mundo artístico jamais o aceitou por eles gostar de "Deus, mulheres e armas".

Apelos por expulsão de imigrantes

Numa arena absolutamente lotada, a campanha de Trump passou a insistir que já não existia mais uma garantia de que Nova York tenha uma maioria de democratas.

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Cathy Richards, de 62 anos, disse que dirigiu 5 horas para estar na cidade no dia do comício. "Trump vai ganhar, não há mais dúvida sobre isso", afirmou. Questionada se ela havia sempre votado por ele, a americana se recusou a responder.

Enquanto mais dez discursos eram dados antes da entrada de Trump em cena, o público vibrava com os apelos para a expulsão de imigrantes e vaiavam referências aos democratas. "Eles nos chamam de fascistas. Mas não vejo nenhum aqui", disse Adam, um morador de Nova York e que se recusou a dar seu sobrenome. "Não falamos tudo sobre nós com a imprensa", disse, ao justificar sua posição.

No campo democrata, Kamala Harris rompeu um tabu e decidiu qualificar Trump como um "fascista", enquanto as denúncias de suas intenções autoritárias ganham espaço na campanha democrata.

O próprio Trump tem alimentado essa perspectiva, anunciado que irá prender líderes que questionem sua vitória, afagando os autores dos ataques de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio e acusando qualquer oposição a ele de "comunistas".

O republicano ainda martela a ideia de que, se ganhar, áreas do país supostamente na mão de estrangeiros voltarão aos americanos.

Sua decisão de iniciar a reta final de sua campanha em uma cidade democrata surpreendeu, mas faz parte de uma estratégia de tentar demonstrar que, mesmo numa região com forte acento progressista, conta com apoio e é uma verdadeira celebridade.

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Trump reúne multidão em curral eleitoral democrata

Com todos os 20 mil lugares lotados, o ato no Madison Square Garden ainda foi interpretado como um sinal de que Trump está disposto a desafiar os democratas, mesmo em seu curral eleitoral e onde, por 40 anos, nenhum republicano venceu a eleição presidencial.

Eric Trump, filho do candidato, deu o tom da suposta vingança. "Quase 200 mil pessoas tentaram entrar aqui hoje. Nos últimos anos, as autoridades tentaram destruir meu pai. Até tentaram matá-lo. Imagina o que sentem hoje ao ver esse local lotado", disse.

Não falta bilionário

Antes de Trump, o evento terá a presença de Elon Musk, o bilionário que já despejou uma parte de sua fortuna para ajudar o candidato republicano e o movimento de extrema direita a voltar ao poder. Nos últimos dias, ele tem circulado em suas redes sociais a ideia de que casos de fraude na eleição já começam a ser identificados.

Um prenúncio, para muitos, do argumento que Trump usará se for derrotado no começo de novembro.

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Ônibus com frases de exaltação a Trump em comício do candidato republicano em Nova York
Ônibus com frases de exaltação a Trump em comício do candidato republicano em Nova York Imagem: Jamil Chade/UOL

Reportagem

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