ONU escolhe militar brasileiro para comandar tropas de paz no Congo
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, anunciou nesta quarta-feira (29) a nomeação do general Ulisses de Mesquita Gomes como Comandante da Força da Missão de Estabilização da Organização das Nações Unidas na República Democrática do Congo (Monusco).
Gomes sucede o Comandante Interino da Força, major-general Khar Diouf, do Senegal, em um momento crítico no país africano.
Em uma nota à imprensa, a ONU indicou que o brasileiro "traz para o cargo 35 anos de experiência em resposta a crises, gerenciamento de conflitos e manutenção da paz".
"Ele possui conhecimentos operacionais e estratégicos, além de experiência diplomática. Seu último cargo foi no exército nacional, onde atuou como vice-chefe do Comando de Logística do Exército. Antes disso, foi adido militar do Brasil nos EUA", apontou.
Gomes ainda foi o comandante da 7ª Brigada de Infantaria no Brasil, assessor de Defesa do ministro de Assuntos Estratégicos e chefe de planejamento e Operações da 11ª Brigada de Infantaria.
"Sua experiência internacional inclui seu destacamento na Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah) (2008-2009) e sua nomeação como chefe do serviço de Operações Militares Atuais e da Equipe de Política e Doutrina no Escritório de Assuntos Militares do Departamento de Operações de Paz da ONU (2017-2019)", explicou a ONU.
A nomeação ocorre no momento em que o país vive uma profunda crise e até com ataques contra a embaixada do Brasil na capital.
"O governo brasileiro expressa grave preocupação com os ataques a representações diplomáticas estrangeiras ocorridos hoje, em Kinshasa, inclusive à embaixada do Brasil, cuja bandeira foi retirada e levada pela multidão", afirmou o Itamaraty.
Num comunicado emitido na terça, o governo brasileiro afirma que "recebeu, com preocupação, notícias sobre o recrudescimento da violência no leste da República Democrática do Congo (RDC), principalmente na cidade de Goma".
"Preocupam, em especial, a deterioração da situação humanitária e a perpetração de violência contra a população e infraestrutura civis", diz.
"O Brasil exorta os atores envolvidos no conflito a retomarem o acordo de cessar-fogo e a se engajarem nos esforços de mediação em curso, sobretudo no âmbito dos processos de Luanda e de Nairóbi, com vistas ao arrefecimento das tensões regionais e à obtenção da paz sustentável na região dos Grandes Lagos", indicou.
O Brasil ainda "condena de forma veemente" os ataques a tropas da Missão da ONU para Estabilização da República Democrática do Congo (Monusco) e da missão da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral na RDC (SAMIRDC), que resultaram, até o momento, na morte de 13 de seus integrantes. O Brasil é contribuinte tradicional da Monusco e atualmente 22 militares brasileiros integram a Missão.
Momento delicado
O militar destacou que o país vive um "momento crítico" diante dos ataques de grupos armados, notadamente do M23".
Com cerca de 14 mil soldados de paz, a Monusco é uma das maiores operações das Nações Unidas no mundo. Segundo a ONU, a situação "tem sido marcada pela escalada da violência com o avanço do movimento rebelde M23 no leste do país".
"A água e a eletricidade foram cortadas desde o dia 26 e o acesso à internet interrompido desde o dia 27, dificultando os esforços de coordenação humanitária. O aeroporto de Goma está fechado desde 26 de janeiro, com suspensão do tráfego aéreo, incluindo carga humanitária e chegada e saída de pessoal", aponta a agência da ONU.
"Análises da ONU ressaltam preocupação com o alastramento do conflito pelo resto do país, que tem mais de 100 milhões de habitantes e abriga uma das piores crises de deslocados da atualidade, com mais de 6,5 milhões de pessoas afetadas", completa.
5 comentários
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Joao Carlos dos Santos
poderiam controlar os morros do RJ e periferia de São Paulo..o chamar o Bunkele que vezes ensina
Carlos Alberto Ferreira da Silva
Informo que o posto de Tenente General não existe no Exército Brasileiro. Poderia ser General de Divisão. Favor corrigir.
Daiana Priscila Biazoto
Melancia podre