Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Ensaios golpistas não foram suficientes para impedir a vitória de Lula
Com uma das eleições mais acirradas dos últimos anos, Luiz Inácio Lula da Silva chega ao seu terceiro mandato como presidente da república. Numa eleição que já é histórica e que se tornou um ponto de virada na política brasileira. O processo eleitoral foi marcado por uma disputa conturbada e com ensaios golpistas do governo Bolsonaro, mas que não foram suficientes para impedir a vitória de Lula.
Todas as tentativas de descredibilizar o processo de votação caíram por terra. Desde que foi eleito Jair Bolsonaro vinha insistindo numa narrativa de fraude nas urnas, dizendo que só iria aceitar o resultado se a eleições fossem limpas, num claro aceno a uma postura autoritária. Entretanto, o TSE se mostrou firme e rebateu todas as acusações infundadas, inclusive com a participação do exército na fiscalização do primeiro turno, mas que até hoje não divulgou o resultado de sua auditoria.
A participação de Bolsonaro em manifestações antidemocráticas e que pediam o fechamento do STF, ou ainda a volta da ditadura passaram a ser frequentes e já não causavam mais espanto na sociedade. As ameaças do presidente foram naturalizadas e emulavam a possibilidade de um rompimento institucional iminente.
Além disso, o discurso golpista do bolsonarismo inflamou milhões de pessoas que o apoiavam. O que propiciou cenas de violência de bolsonaristas contra petistas, e que se espalharam pelo país nas últimas semanas. O clima era de medo e apreensão nas ruas em tempos de eleição.
A figura quase folclórica de Roberto Jefferson surgiu querendo pôr em prática o discurso golpista do bolsonarismo. Primeiro agrediu verbalmente a ministra Carmem Lúcia e, assim, esperava uma reação do STF. E a resposta veio, mas Roberto Jefferson recebeu os agentes da Polícia Federal à bala e com granadas. Uma atitude surreal e absurda. Dias depois, foi a vezes de Carla Zambelli, apoiadora incondicional de Bolsonaro, que perseguiu um homem negro desarmado pelas ruas de São Paulo, depois te sido xingada.
Os dois exemplos demonstraram o desespero bolsonarista, mas revelou também um país que não embarcou na aventura golpista. E, de certo modo, ainda ajudou o candidato petista. Além disso, há fortes indícios de que a operação da PFR ontem, nas estradas, no nordeste, teve um viés politico para, pelo menos, dificultar a vida de quem fosse votar, e lembrando, que o nordeste votaria em peso no candidato Lula.
O fato é que a união da esquerda com a centro direita deu uma nova dinâmica no cenário político durante a corrida presidencial. Além disso, figuras como Janones e Filipe Neto ajudaram fortemente na campanha de Lula nessa reta final, combatendo as fakes news e influenciando seguidores. E, talvez o mais importante: a oposição parece ter compreendido o jogo sujo político bolsonarista e tratou de usar outras estratégias, muito diferente das eleições de 2018. Apesar de uma vitória apertada, Lula foi o candidato mais votado da história. Foram mais de 60 milhões de votos.
Há certamente um país fraturado. O desafio agora é grande, pois Lula sabe que o bolsonarismo não acabou. Neste sentido, o governo petista poderá encontrar grandes dificuldades para uma reconciliação. O fato é que agora o Brasil tem a chance de se renovar e voltar a ser respeitado pelo mundo.
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