Hamilton, Mbappé e Vini Jr. demonstram que esporte e política andam juntos
Em maio de 2020, após o assassinato de George Floyd, Lewis Hamilton esteve presente em manifestação do movimento Black Lives Matter e depois passou a cobrar da Fórmula 1 ações mais incisivas contra o racismo.
Na época, Hamilton foi um dos responsáveis por sua equipe, a Mercedes, trocar em um GP a cor prateada dos carros pela preta como forma de protesto. Além disso, também reagiu ao comentário racista de Nelson Piquet quando este se referiu a Hamilton como um "neguinho".
Sobre o episódio, Hamilton disse: "Precisamos unir as pessoas, somos todos iguais. Continuo firme e focado no meu trabalho e realmente tentando promover a inclusão da diversidade em nossa organização. Realmente precisamos de todos".
O ativismo de Vini Jr, jogador do Real Madrid, também deve ser celebrado. Alvo de ataques racistas nos campos e fora dele, Vini tem dado aulas na luta antirracista. Não se calou diante das violências que sofreu e, após a condenação de torcedores, se definiu como um "algoz de racista". Mesmo tendo de ir contra o pensamento comum de não falar sobre racismo, o jogador deu exemplo de como se combate o preconceito.
Nos últimos dias, outro ídolo do esporte, Kylian Mbappé, atacante do Real Madrid, criticou o extremismo político na França e convocou os jovens para as eleições. "É um momento sem precedentes na história francesa. Quero falar para todos os franceses, principalmente para os jovens. Os extremistas estão próximos de ganharem o poder. Temos a chance de escolher o futuro do nosso país", disse dias atrás durante coletiva de imprensa.
O avanço da extrema direita na França, liderada por Marine Le Pen, levou o presidente francês a dissolver o parlamento e convocar novas eleições legislativas.
Interessante notar que os três são atletas negros bem-sucedidos e reconhecidos em suas carreiras. Atletas negros que resistiram ao processo de branqueamento que a fama e o sucesso impõem. Resistiram também à indiferença e à alienação social, caso de muitos jogadores e atletas que preferiram silenciar ou apoiar governos fascistas.
Com suas atitudes, os três demonstram que o esporte é político e que não há como dissociar a conduta ética esportiva da cidadania.
Além disso, os três também são ídolos de milhares de crianças e adolescentes pelo mundo. Assim, posicionamentos como esses ajudam a influenciar jovens a se tornarem pessoas mais conscientes, menos preconceituosas e com sentimento mais proativo para as mudanças de mentalidade social.
Uma pena que muitos outros esportistas tenham optado pelo caminho inverso. Por outro lado, é bom saber que temos resistência vindo do esporte contra as barbáries do mundo contemporâneo.
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