Bônus a professores desvaloriza ensino e transforma educação em mercadoria
O governo de São Paulo resolveu premiar professores com bônus em dinheiro de acordo com o desempenho de seus alunos. O bônus levará em consideração a frequência dos estudantes e as metas estipuladas pelo Saresp (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo).
Sob o governo Tarcísio, a educação tem sofrido diversos ataques, tanto no tratamento dado ao material pedagógico como no trato com os professores. Certamente, diante de salários baixos e defasados, uma bonificação é sempre bem-vinda. Mas a questão que se coloca é: qual o prejuízo e impacto de uma política como essa para o ensino público?
O mais perverso disso é perceber como o governo vende a ideia de "benefício" para educadores e transforma a educação numa mercadoria, igualando o trabalho pedagógico a um plano de metas empresarial.
Chama a atenção o uso do vocabulário para designar a bonificação: "Bônus ouro", "Bônus diamante". Linguagem que lembra, e em muito, os termos usados para passageiros "vips" de empresas áreas.
O tom empresarial põe novamente a responsabilidade do aprendizado unicamente nas mãos dos educadores, como se um bônus no salário resolvesse os desafios da educação.
Ou seja, a vinculação entre o bônus em dinheiro e o desempenho do aluno transforma o ensino num mero plano de metas. Em outras palavras, o fazer pedagógico é transformado num produto cujo objetivo é falsear avanços, um método muito conhecido que se utiliza da precariedade do ensino para impor uma agenda capitalista.
É preciso lembrar que a escola é, ainda, um dos poucos espaços de resistência contra a barbárie. Um dos poucos espaços onde é possível resistir às violências que o capital impõe.
Professores precisam muito mais do que bônus: precisam de um plano de carreira justo, de um aumento salarial que dê conta de viver uma vida digna e que não tenha que submeter a seriedade do seu trabalho aos "brindes" do Estado.
É bastante preocupante uma medida como essa porque a atividade docente já é tão atacada pelo baixo desempenho dos alunos e, agora, mais uma vez, o governo abre a possibilidade de culpabilizar os professores pelo fracasso escolar.
Lamentável presenciar mais um projeto que desvaloriza a educação. Mais uma vez o governo do estado de São Paulo dando aula de má gestão do ensino.
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