Jeferson Tenório

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Opinião

Chuva sem precedentes não é desculpa para o despreparo de autoridades

Há anos os episódios climáticos severos no Rio Grande do Sul vêm dando alertas de que medidas de prevenção devem ser tomadas. O evento traumático que se abateu no estado desde a semana passada deve servir como um marco histórico e político para lidar com os efeitos do clima. A época dos discursos de proteção ambiental já passou. Estamos diante de uma realidade que não se pode mais ignorar, precisamos ir para a prática.

O Rio Grande do Sul enfrenta hoje a maior tragédia climática de sua história. As enchentes deixaram um rastro de destruição, cem mortos, dezenas de desaparecidos, resgates dramáticos e cerca de 800 mil pessoas afetadas. Agora, o estado enfrenta a falta de abastecimento de água, sofre com iminência de novos temporais e proliferação de doenças.

O negacionismo ambiental aliado ao desmatamento e a ocupação de solo para plantio da monocultura são fatores que contribuíram para a tragédia no Rio Grande do Sul.

Além disso, as pautas ambientais chegam a ser discutidas e, na maioria das vezes, os planos e projetos são arquivados.

As tempestades estão cada vez mais severas. Sabemos que vai piorar. Portanto, nenhum governo pode usar o argumento de "sem precedentes" para não assumir a responsabilidade.

Nas próximas eleições, prestem atenção nos candidatos que negam as crises climáticas, que apoiam a flexibilização de leis ambientais. Elejam candidatos que de fato apresentem um plano sério e concreto para as mudanças climáticas.

Depois de eleitos, prestem atenção e cobrem uma agenda que tenha aplicação a curto e médio prazo. As inundações vieram para ficar. Nenhum estado do Brasil está livre de catástrofes como esta.

Nossa relação com a natureza mudou. Infelizmente o que estamos vivenciando hoje tornou-se um caminho sem volta. Meu tom nada tem de alarmista. É uma constatação que bate em nossa porta. As projeções não deixam dúvidas de que o planeta está entrando em colapso. Já sabíamos há muito tempo que os efeitos do desmatamento e do aquecimento global chegariam.

Nosso trabalho agora é o de adaptação a esta realidade. Precisamos entender que não podemos voltar ao que éramos. A conta chegou e veio com juros.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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