Chuva sem precedentes não é desculpa para o despreparo de autoridades
Há anos os episódios climáticos severos no Rio Grande do Sul vêm dando alertas de que medidas de prevenção devem ser tomadas. O evento traumático que se abateu no estado desde a semana passada deve servir como um marco histórico e político para lidar com os efeitos do clima. A época dos discursos de proteção ambiental já passou. Estamos diante de uma realidade que não se pode mais ignorar, precisamos ir para a prática.
O Rio Grande do Sul enfrenta hoje a maior tragédia climática de sua história. As enchentes deixaram um rastro de destruição, cem mortos, dezenas de desaparecidos, resgates dramáticos e cerca de 800 mil pessoas afetadas. Agora, o estado enfrenta a falta de abastecimento de água, sofre com iminência de novos temporais e proliferação de doenças.
O negacionismo ambiental aliado ao desmatamento e a ocupação de solo para plantio da monocultura são fatores que contribuíram para a tragédia no Rio Grande do Sul.
Além disso, as pautas ambientais chegam a ser discutidas e, na maioria das vezes, os planos e projetos são arquivados.
As tempestades estão cada vez mais severas. Sabemos que vai piorar. Portanto, nenhum governo pode usar o argumento de "sem precedentes" para não assumir a responsabilidade.
Nas próximas eleições, prestem atenção nos candidatos que negam as crises climáticas, que apoiam a flexibilização de leis ambientais. Elejam candidatos que de fato apresentem um plano sério e concreto para as mudanças climáticas.
Depois de eleitos, prestem atenção e cobrem uma agenda que tenha aplicação a curto e médio prazo. As inundações vieram para ficar. Nenhum estado do Brasil está livre de catástrofes como esta.
Nossa relação com a natureza mudou. Infelizmente o que estamos vivenciando hoje tornou-se um caminho sem volta. Meu tom nada tem de alarmista. É uma constatação que bate em nossa porta. As projeções não deixam dúvidas de que o planeta está entrando em colapso. Já sabíamos há muito tempo que os efeitos do desmatamento e do aquecimento global chegariam.
Nosso trabalho agora é o de adaptação a esta realidade. Precisamos entender que não podemos voltar ao que éramos. A conta chegou e veio com juros.
Deixe seu comentário