Jeferson Tenório

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Opinião

Programa de escola cívico-militar é coercitivo e não tem nada de pedagógico

O governo Tarcísio sancionou, nesta segunda-feira (27), a lei que institui as escolas cívico-militares no estado de São Paulo.

O texto prevê a contratação de PMs aposentados que atuarão como monitores e serão também responsáveis por organizar atividades extracurriculares, além da segurança escolar.

A sessão na Assembleia Legislativa durante a votação da proposta também foi tumultuada com a agressão de policiais aos estudantes que protestavam no local.

A visão de uma Secretaria da Educação vinculada a uma Secretaria de Segurança só comprova a inabilidade do governo paulistano. Mais do que isso, agrava o ensino básico porque prioriza a disciplina e não o aprendizado. Prioriza práticas coercitivas que não têm nada de pedagógicas.

A mentalidade de uma educação mediada pela Polícia Militar causa espanto porque os policiais não são especialistas em educação. Eles foram treinados sob outros códigos de conduta, e que se encaixam dentro de uma proposta militarista, não dentro de um ambiente escolar.

Lugar de PM definitivamente não é na escola. Lugar de PM é nas ruas garantindo a segurança da população. O modelo cívico-militar aposta numa ideia equivocada de disciplina que vem pela força, pelo cerceamento ou por ordens, e não pela ética e cidadania, como se a educação fosse um lugar de imposição de limites apenas pela ameaça.

Outra questão é a de que as comunidades periféricas e mais pobres terão prioridade para adesão ao programa, ou seja, um modelo que vê as regiões mais vulneráveis como um local perigoso e que, portanto, precisariam de mais policiamento nas escolas. Ora, escolas não precisam de PMs, precisam de investimento para melhorias no setor educacional.

O governo deveria, antes de mais nada, garantir a permanência dos alunos nas escolas, implantar projetos socioeducativos que integrem a comunidade ao ambiente escolar: valorizar a carreira dos educadores, aumentar salários, proporcionar períodos de pesquisa, estudo e lazer.

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A visão do governo Tarcísio sobre a educação é estreita e perigosa, uma visão que não está preocupada com o aprendizado, mas com uma falsa ideia de controle. Uma ideologia bolsonarista que vê no aparato militar a única saída para os problemas sociais.

A implantação das escolas cívico-militares é um retrocesso na educação de um estado como São Paulo. O projeto certamente também tem a ver com um posicionamento político de Tarcísio, se contrapondo ao governo Lula, já que o Ministério da Educação, atualmente encerrou o programa alegando que o projeto das escolas cívico-militares desviam a finalidade das forças armadas.

O fato é que com toda essa politicagem quem sempre sai perdendo são os alunos, e geralmente os alunos mais vulneráveis. Lamentável.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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