Jeferson Tenório

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Opinião

Decisão que inocenta Dilma reforça que impeachment foi golpe de Estado

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região julgou nesta segunda (21) uma apelação do Ministério Público Federal contra a decisão no ano passado de, em primeira instância, arquivar uma ação contra Dilma e seus ministros.

Durante o segundo mandato da ex-presidenta, eles foram acusados de improbidade pelo suposto uso de bancos públicos para forjar um resultado fiscal, atrasando, por consequência, o repasse da União às instituições.

A Justiça manteve a decisão que isenta Dilma das famosas "pedaladas fiscais", assim como o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

O fato é que a decisão desta segunda (21) impacta e reforça a narrativa de que o governo Dilma foi vítima de um golpe parlamentar em 2016, já que as acusações de pedaladas fiscais serviram de base para fundamentar o pedido de seu impeachment.

Para quem lembra e acompanhou o show de horrores em que se deu todo o processo de impeachment, desde a autorização de sua abertura, pelo então presidente da Câmara Eduardo Cunha, passando pela misoginia e violências verbais sofridas por Dilma, e toda a campanha desleal da oposição, esta decisão certamente reforça o discurso de golpe apontado desde sempre pelos governistas da época.

O impeachment levou Michel Temer ao poder. Na época, Temer assumiu a Presidência da República com a promessa de melhorar a economia e gerar empregos, entretanto, o que se viu foi a piora econômica e um aumento do desemprego. Além disso, o modelo conservador de Temer e sua linha ideológica e política prepararam o terreno para a ascensão vertiginosa da extrema direita no Brasil, que teve seu ápice na eleição de Jair Bolsonaro, em 2018.

A fragilidade da democracia brasileira segue sendo testada. Com as tentativas frustradas de Bolsonaro para dar mais golpe, aprendemos que, em uma sociedade democrática tão recente e atribulada como a nossa, precisamos manter a vigilância permanente, pois os ataques à democracia têm sido repetidos justamente pela falta de maturidade política.

Agora, sete anos após o impeachment, aquilo que já se suspeitava parece ganhar corpo e argumento mais sólido: foi golpe.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

227 comentários

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Pedro Alceu Amoroso Lima

Dilma é irreparável!! Não saiu por bem, saiu por mal, e ainda bem!!! 

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Marcelo Santana Leal

Hem? Como assim? Então a absolvição de Collor, por parte do STF, também ensejaria interpretar q seu impeachment teria sido golpe? Ou golpe é só quando o impeachment atinge alguém do PT, é isso? E os 50 pedidos de impeachment q o PT entrou contra TODOS OS PRESIDENTES desde Sarney até FHC, teriam sido 50 tentativas de golpe?

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Matheus Goncalves Ferreira

Concordando ou não com a saída da Dilma, não creio que tenha havido golpe, pois o processo de impeachment seguiu todos os trâmites previstos em lei e na Constituição Federal. Claro que o processo é político e jurídico, então são muitas as variáveis e interpretações. É possível até questionar a justiça da decisão, mas não a legalidade. Inclusive o Collor, após o seu impeachment, tb foi "inocentado" pelo STF em 1994.

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