Tarcísio deveria ser responsabilizado por casos de violência da PM
As recentes notícias de violência policial em São Paulo evidenciam o descontrole da segurança pública no estado. Dados do Instituto Sou da Paz apontam que as mortes provocadas por policiais cresceram quase 80% entre janeiro e agosto deste ano, totalizando 441 casos.
Entre os episódios de maior repercussão estão a morte de uma criança de 4 anos na Baixada Santista, a morte de um estudante de medicina em um hotel da capital, a morte de um homem atingido por 11 tiros pelas costas depois de uma tentativa de roubo em um mercado ou ainda o flagrante de um policial atirando um homem de uma ponte.
Os episódios repulsivos e trágicos contam com uma política de morte que há muito tempo faz parte das corporações policiais. Uma política que vê o cidadão sempre como um inimigo, principalmente se esse cidadão for negro e periférico.
Em casos de maior repercussão, chama a atenção o completo despreparo da polícia, que se sente autorizada pelos governos a cometer atrocidades como essas.
A briga e a recusa, por exemplo, do governo Tarcísio na implantação correta de câmeras corporais em policiais dão a dimensão de uma política que dá carta branca aos policiais.
Em novembro, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, chegou a determinar que o governo de São Paulo prestasse esclarecimentos sobre o uso das câmaras adquiridas pelo estado. Isso porque a gestão optou por equipamentos que podem ser ligados e desligados pelo policial.
Certamente que as câmeras por si só não vão impedir comportamentos de violência como esses. É necessário um governo que não tenha uma visão fascista da segurança pública.
É preciso um governo que invista na proteção de policiais que arriscam suas vidas todos os dias, ou seja, uma polícia mais inteligente, mais bem equipada, melhor paga, com melhores condições de trabalho e que tenha a ética e os direitos humanos como princípios.
Nesta terça, o governador Tarcísio de Freitas se manifestou dizendo que o "policial está na rua para enfrentar o crime". Mas sua visão do que é segurança pública vai justamente ao contrário disso.
A conduta violenta também é fruto de uma precarização do trabalho do policial. O governo, ao invés de qualificar a segurança pública, prefere oferecer instrumentos para uma espécie de vale tudo, em que policiais, muitas vezes para compensar a pressão psicológica, tomam atitudes violentas.
Enquanto não houver a responsabilização do governo nos casos de morte e violência cometidos pela PM, enquanto o governo de Tarcísio não entender que segurança pública precisa de investimento em inteligência, e não apenas o aumento de uso da força, enquanto a segurança pública não entender que é preciso respeito ao cidadão, teremos ainda, infelizmente, muitas notícias trágicas como essas.
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