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Josias de Souza

Dilma cobra explicações do general Villas Bôas

Pedro Ladeira/Folhapress
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Colunista do UOL

16/12/2019 00h28

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Ex-comandante do Exército entre fevereiro de 2015 e janeiro de 2019, o general Eduardo Villas Bôas contou: "Ao longo do processo de impeachment, dois parlamentares de partidos de esquerda procuraram a assessoria parlamentar do Exército para sondar como receberíamos a decretação de um 'estado de defesa'." Ao ler as declarações do general, feitas em entrevista ao Globo, Dilma Rousseff divulgou uma nota. No texto, cobrou de Villas Bôas que dê nome aos bois.

"Se isso ocorreu é imprescindível o nome dos deputados, pois eles devem esclarecimentos ao país", escreveu Dilma. "Caso contrário, a responsabilidade cabe ao general e à sua assessoria parlamentar". O estado de defesa está previsto no artigo 136 da Constituição.

Diz o texto constitucional: "O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza."

Na entrevista que irritou Dilma, Villas Bôas disse ter ficado preocupado com o assédio dos "dois parlamentares de esquerda". Por quê? "Vi ali uma possibilidade de o Exército ser empregado contra as manifestações."

O general cuidou de desmentir "uma versão" falsa do episódio que relatou na entrevista. Nessa versão, disse Villas Bôas, "a presidente Dilma teria me chamado e determinado a decretação do 'estado de defesa', e eu teria dito que não cumpriria. Isso não aconteceu. Mas que houve a sondagem, ela de fato houve."

Dilma não se deu por achada. "Explique por que, se ficou preocupado, não informou as autoridades superiores, ministro da Defesa e presidente da República — comandante supremo das Forças Armadas — sobre o fato de dois integrantes do Legislativo sondarem a assessoria parlamentar do Exército sobre um ato contra a democracia, uma vez que contrário ao direito de livre manifestação."

A ex-presidente petista insinua no texto que, ao se abster de procurá-la na ocasião, o então comandante do Exército teria subvertido a cadeia de comando. "Por que não buscou esclarecer se a iniciativa dos deputados contava com respaldo da comandante das Forças Armadas? Não respeitou a hierarquia?", indagou Dilma.