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Josias de Souza

Lula troca raiva por oposição de viés humorístico

Lula e Bolsonaro (Reprodução)
Imagem: Lula e Bolsonaro (Reprodução)

Colunista do UOL

09/01/2020 14h06

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Desde que saiu da cadeia, Lula vinha ostentando um discurso raivoso. Neste início de 2020, o líder máximo do PT ensaia um estilo de oposição diferente, com viés humorístico. Esse novo Lula se insinuou numa entrevista ao site DCM, Diário do Centro do Mundo. Lula fez considerações sobre o desemprego. O assunto é trágico. Mas ficou engraçado porque Lula rodopiou ao redor da tragédia como se nela não estivessem gravadas as suas próprias digitais e as de Dilma Rousseff.

Ao criticar a política econômica do governo Bolsonaro, Lula mencionou a precarização do emprego. Disse que, por falta de oportunidade, o brasileiro é compelido a aceitar condições inadequadas de trabalho. Afirmou ter conversado com um motorista de Uber. O sujeito paga R$ 1.660 pelo carro e fatura, na expressão de Lula, "mil e poucos reais por mês." Irônico, Lula disse que esse tipo de profissional é chamado de "empreendedor", para criar uma ilusão de progresso.

Lula atribuiu essa visão distorcida ao ministro Paulo Guedes, o Posto Ipiranga de Jair Bolsonaro. A temporada na prisão parece ter provocado em Lula um surto de amnésia. Ele já não se lembra de que na era petista, entre 2013 e 2016, a economia brasileira encolheu 6,8%. Esqueceu que foi graças ao governo empregocida de Dilma Rousseff que a taxa de desemprego saltou de 6,4% para 11,2%. Foram ao olho da rua algo como 12 milhões de trabalhadores.

Quando Dilma foi deposta, apenas dois empreendimentos prosperavam no Brasil: a corrupção e a incompetência governamental. Os dois fenômenos compõem a obra de Lula. Foi nos governos dele que nasceram o mensalão e o petrolão. Foi de autoria de Lula a fábula estrelada pelo mito da gerentona que virou uma presidente ruinosa. Na visão anedótica de Lula, o abismo do mercado de trabalho foi cavado pelo ministro da Economia de Bolsonaro. O mais risível é que, no limite, Lula é corresponsável também pela ascensão de Bolsonaro, pois foi surfando na onda do antipetismo que o capitão chegou ao Planalto.