Troca de Guedes deixou de ser tabu no governo
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O relacionamento entre Jair Bolsonaro e Paulo Guedes trincou. O presidente não perdoa o titular da pasta da Economia por ter jogado no ventilador o debate interno sobre gastos públicos. Classificou o comportamento de "desleal". Irritou-se com o uso do termo "impeachment". Dividiu sua insatisfação com auxiliares. Tomado pelas palavras, Bolsonaro já não exclui a hipótese de substituir Guedes.
Para Bolsonaro, Guedes transformou copo d'água em tempestade ao dizer que ele tomará a trilha que leva à irresponsabilidade fiscal e ao impedimento se der ouvidos aos ministros "fura-teto". Alega que o Orçamento de 2020 está submetido ao regime de calamidade ditado pela pandemia. E não faria sentido falar em ameaça ao teto de gastos públicos diante de um rombo estimado em R$ 800 bilhões.
Com a popularidade vitaminada pelo vale corona de R$ 600, Bolsonaro deve intensificar as incursões ao Norte e Nordeste. Nesta semana, voará para o Rio Grande do Norte ao lado do "nosso querido Rogério Marinho", ministro do Desenvolvimento Regional. Ex-subordinado de Guedes, Marinho é visto pelo antigo chefe como líder da ala dos fura-teto. Bolsonaro dá de ombros.
Na última sexta-feira, um ministro palaciano acalmou um senador governista que se disse preocupado com a hipótese de fritura do ministro da Economia. Disse que foi Guedes quem pulou no óleo quente. Nessa versão, Bolsonaro estaria tentando convencê-lo a sair da frigideira. Simultaneamente, se equipa para a eventualidade de uma troca.
Menciona-se no Planalto o nome do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, como alternativa para o Ministério da Economia. A exemplo do que ocorreu com Sergio Moro, empurrado para fora da pasta da Justiça, a troca de Paulo Guedes deixou de ser um tabu no governo.
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