Suprapartidário, apoio a Kassio junta Tom & Jerry
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Maciço e suprapartidário, o apoio obtido no Senado à indicação de Kassio Marques para o Supremo ganhou uma aparência de "acordão". Nele, juntaram-se Davi Alcolumbre e Renan Calheiros, Fernando Collor e Cid Gomes, Tom & Jerry.
À primeira vista, são personagens conflitantes. Mas têm uma área de interesse comum: o incômodo com o lavajatismo. Desejam conter a responsabilização dos políticos de todos os partidos metidos em roubalheiras.
Chefe de uma organização familiar com uma penca de pendências judiciais, Jair Bolsonaro realizou com a escolha de Kassio Marques o milagre da despolarização. Bolsonaristas do centrão aliaram-se a oposicionistas do PT e PDT.
A sabatina de Kassio na Comissão de Constituição e Justiça do Senado está marcada para quarta-feira. Mas o escolhido de Bolsonaro obteve os votos de que precisa antes mesmo de se submeter à arguição dos senadores.
Os títulos acadêmicos europeus de Kassio não param em pé. Sua dissertação de mestrado inclui a cópia de trechos de texto escrito por um amigo. Se disputasse vaga no departamento jurídico de uma empresa privada talvez levasse bomba.
No Senado, o relator da indicação, senador Eduardo Braga, avaliou que as inconsistências curriculares pesariam "muito pouco no exame dos requisitos constitucionais" exigidos para o emprego vitalício de ministro do Supremo.
Braga não é um relator qualquer. Corre contra ele no Supremo inquérito em que é acusado de receber ilegalmente R$ 6 milhões da JBS. Já havia relatado a indicação de Augusto Aras para a chefia da Procuradoria-Geral da República.
Num ambiente em que investigados escolhem o procurador que pode denunciá-los e o magistrado que irá julgá-los, basta se conservar agachado para ser considerado um senador de grande altivez.
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