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Josias de Souza

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Bolsonaro agora briga com Renan sob holofotes

Colunista do UOL

07/05/2021 02h17

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Depois de tentar se aproximar do relator da CPI da Covid em articulações trançadas no escuro, Bolsonaro decidiu trocar sopapos verbais com Renan Calheiros sob refletores. Uma briga que começa com o presidente acusando primogênito de Renan de desviar verbas federais enviadas para Alagoas e o senador insinuando que a inépcia de Bolsonaro na gestão da pandemia mata brasileiros é o tipo de confusão que pede para não ser apartada.

Em sua live semanal, Bolsonaro chamou a CPI de "xaropada". Afirmou que a comissão "bateu muito" no ministro da Saúde Marcelo Queiroga. Queixou-se especialmente de Renan Calheiros: "Um lá, olha só, eu queria estar na CPI... 'Atenção aí ministro, qual dessas frases mais matou gente no Brasil? Frase do presidente Bolsonaro'. E botou várias frases lá. Sabe qual seria minha resposta? Prezado senador, excelentíssimo senador, frase não mata ninguém, o que mata é desvio de recurso público que seu Estado desviou. Vamos investigar seu filho que a gente resolve esse problema."

O comentário de Bolsonaro chegou aos ouvidos de Renan antes do encerramento da sessão da CPI. O senador leu a manifestação em que o desafeto dirige maledicências a Renan Filho, governador de Alagoas. E respondeu: "Queria dizer, com todo respeito ao presidente da República, que o que mata é a pandemia, pela inação e inépcia que eu torço que não seja dele. Não queremos fulanizar isso aqui. Com relação ao Estado de Alagoas, ele que não gaste seu tempo ociosamente, como tem gastado, enquanto os brasileiros continuam morrendo. Aqui nesta Comissão Parlamentar de Inquérito, se houver necessidade, todos, sem exceção, serão investigados."

Difícil prever o desfecho da briga entre Bolsonaro e Renan. Mas esta, decididamente, não é uma desavença do tipo que possa ser desfeita pela turma do deixa-disso. Considerando-se o timbre adotado pelos contendores, ou os dois lados declaram que viverão separados até que a morte os junte ou ficará demonstrado que a política é mesmo o território da farsa. Não se deve levá-la a sério, muito menos aos seus atores. Ao duelo, senhores.