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Bolsonaro vê Copa América como canelada na Globo
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Com a popularidade em queda, Bolsonaro deu de ombros para a terceira onda da pandemia e confirmou a realização no Brasil da Copa América, refugada por Colômbia e Argentina. Articulou a novidade revezando-se nos papeis de artilheiro e zagueiro. No ataque, tratou a iniciativa como um gol político. Na retranca, enxergou na competição uma oportunidade para executar o que chamou de "canelada" na TV Globo.
Após desentendimento com a Globo, a Conmebol fechou com o SBT, no ano passado, os direitos de transmissão da Libertadores e da Copa América. Bolsonaro chama de "amigo" o dono do SBT, Silvio Santos, cujo genro, Fábio Faria, é ministro das Comunicações. Entre risos e palavrões, o presidente disse em privado que não poderia perder a oportunidade de alvejar os tornozelos da Globo.
Falando para os devotos do cercadinho do Alvorada, Bolsonaro insinuou que as críticas à sua decisão decorrem de um "movimento" da Globo. Ele não se conteve: "TV Globo, perderam!", exclamou. Enigmático, acrescentou: "E abre olho pra 22."
Um ministro explicou à coluna que a referência a "22" é uma ameaça de Bolsonaro à Globo. Disse que a concessão da emissora vence em outubro do ano eleitoral de 2022. E o presidente insinua entre quatro paredes que seu governo pode cancelar a concessão.
A bravata exala um aroma bolivariano. Em 2006, o então presidente da Venezuela Hugo Chávez suspendeu a concessão da emissora venezuelana RCTV.
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