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Josias de Souza

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Surge um cavalo de Troia de Bolsonaro no TCU

Reprodução/Foco do Brasil
Imagem: Reprodução/Foco do Brasil

Colunista do UOL

09/06/2021 01h45

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O que parecia ser apenas mais uma mentira de Bolsonaro revelou-se uma fraude com indícios de premeditação. Coisa grotesca mesmo para os padrões bolsonaristas.

O pseudo-relatório usado por Bolsonaro para sugerir que haveria supernotificação de mortes por covid no Brasil era, na verdade, uma espécie de cavalo de Troia em cuja barriga um auditor do Tribunal de Contas da União transportou para dentro dos computadores do órgão um presente de grego: a falsa auditoria.

Desmentido pelo TCU, Bolsonaro disse que errou. Mas voltou a insinuar que governadores inflam o número de mortos por covid para arrancar mais verbas do governo federal. Como cavalo de madeira não trota, a empulhação foi desvendada.

Chama-se Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques o auditor que inseriu no sistema do tribunal de contas o documento cavalgado por Bolsonaro. Sua identidade veio à luz graças à revista Crusoé.

Alexandre Marques será convocado para depor na CPI da Covid. A Corregedoria do TCU decidiu investigá-lo. No limite, a exposição tóxica pode custar ao auditor o contracheque de R$ 35,2 mil mensais.

A pergunta que continua boiando na atmosfera como um vírus é a seguinte: até quando as instituições vão aturar as delinquências de Bolsonaro? Quando o suposto presidente se apropria de uma notícia, os fatos se perdem para sempre.

O Brasil convive com a suspeita de subnotificação dos mortos por covid, não o contrário. Mas Bolsonaro, falando para devotos que não entendem nem os fatos nem os números, mistura fatos e números, tece sobre eles um indecifrável silogismo e faz pose de presidente sem comprovação científica para lançar holofotes sobre os governadores. Há um quê de desespero nessa estratégia.