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Josias de Souza

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Bolsonaro viola legislação ao lado do provável indicado para vaga no STF

Reprodução / YouTube
Imagem: Reprodução / YouTube

Colunista do UOL

19/06/2021 02h23

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Conforme já registrado aqui, a falta de recato de Bolsonaro transformou a Presidência da República numa repartição fora da lei. O presidente já não se preocupa em maneirar. Reincidente, converteu em comício um ato oficial de governo, no Pará. Duas novidades adicionaram escárnio à cena:

1) O presidente exibiu à plateia uma camiseta com os seguintes dizeres: "É melhor Jair se acostumando. Bolsonaro 2022."

2) Presente ao palanque, o advogado-geral da União André Mendonça, candidato terrivelmente evangélico à vaga do ministro Marco Aurélio Mello no Supremo Tribunal Federal, tornou-se cúmplice do chefe.

Bolsonaro mandou tirar o jato presidencial do hangar para distribuir títulos de terra, liberar um pedaço de asfalto da Transamazônica e assinar uma ordem de serviço para a construção de uma ponte sobre o Rio Xingu. Levou a tiracolo autoridades e um séquito de evangélicos. Mendonça encaixou-se nas duas categorias. Traz enganchado na condição de advogado-geral o título de pastor presbiteriano.

Autoconvertido em cabo eleitoral do chefe, o presidente da Caixa Econômica Federal, Paulo Guimarães, entregou a Bolsonaro a camiseta com o dístico eleitoral. Não esclareceu a origem da peça. Sua exibição afronta a legislação eleitoral, que proíbe comícios fora do calendário eleitoral. A mobilização do aparato público em beneficio pessoal constitui crime de improbidade administrativa.

À noite, de passagem por Belém, capital paraense, Bolsonaro participou de culto religioso. Reafirmou a intenção de enviar ao Supremo uma toga "terrivelmente evangélica." Confirmando-se a escolha de André Mendonça, o personagem irá ao Supremo munido de um ensinamento: não é que o crime não compensa. A questão é que, quando compensa, muda de nome. Chama-se agenda presidencial.