Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
O nome correto não é 'vândalo', mas criminoso
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O asfalto roncou novamente por vacinas e pelo impeachment. Em São Paulo, os protestos foram tisnados por um foco de violência. Encapuzados quebraram a vidraça de uma agência bancária. Invadiram a área dos caixas eletrônicos. Atearam fogo. Depredaram um ponto de ônibus e a fachada de uma concessionária de automóvel. Atiraram pedras contra os seguranças de uma estação do metrô. Um deles foi atingido na cabeça. Esse filme é conhecido. E o final não é feliz.
Na célebre jornada de 2013, quando as ruas ferveram, eles eram chamados de "minoria de vândalos". Infiltravam-se nos protestos e, do meio para o final, transformavam pacíficas manifestações em surtos de desordem. Eles eram poucos. Mas foram ganhando a adesão de uma legião de desocupados. Gente que enxergou na algazarra uma oportunidade para realizar saques e pequenos furtos.
A violência foi ganhando ares de rotina. Eles investiam contra policiais e jornalistas, incendiavam ônibus, depredavam estações de metrô, atacavam agências bancárias, destruíam caixas eletrônicos, estilhaçavam vitrines de lojas, lançavam coquetéis molotov em prédios públicos? Aos pouquinhos, foram migrando dos rodapés de página para as manchetes dos jornais.
Com o passar dos dias, verificou-se que eles macaqueavam ativistas europeus e americanos. Imitavam-nos nas vestes, no gestual e nos métodos. Ganharam apelido chique: black blocs. E a destruição passou a ser justificada como "protesto consciente de inspiração anarquista".
Amedrontados, os manifestantes pacíficos voltaram para casa. O ronco do asfalto virou lamúria. Em outubro de 2013, os pesquisadores do Datafolha foram às ruas de São Paulo. Verificaram que 95% dos paulistanos desaprovavam a anarquia.
Diante do silêncio dos seus opositores, Bolsonaro correu às redes sociais. Reproduziu imagens da desordem. E tirou sua casquinha: "...Nunca foi por saúde ou democracia, sempre foi pelo poder!"
Os antagonistas de Bolsonaro anunciam o propósito de intensificar as manifestações. Com tantas tolices novas à disposição, renderiam homenagens à lógica se evitassem tolices já conhecidas. O primeiro passo é não ser condescendente com gente violenta.
A segunda providência é definir adequadamente as coisas. Vândalos? É muito pouco. Black blocs? Nem a pau. O português oferece vocábulos mais apropriados. Por exemplo: Criminoso. Ou bandido. Portanto, o terceiro passo é apoiar a ação policial e a punição da bandidagem camuflada de manifestante.
Espera-se que as polícias das capitais brasileiras tenham aprendido a lidar com a tribo dos sem-rosto de maneira mais profissionalizada. Do contrário, o país assistirá à volta do moto-contínuo das prisões que duram menos de uma noite. É preciso investigar e reunir provas que permitam aos juízes impor aos criminosos penas compatíveis com os seus crimes. Democracia não orna com delinquência.
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