Josias de Souza

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Opinião

Lula encosta Planalto com atraso na PEC sobre escala de trabalho

Quase tudo é tolerável em política, exceto deixar-se surpreender. Lula admirou-se com o apoio viral das redes sociais à proposta de emenda constitucional do PSOL sobre a redução da jornada de trabalho de seis para quatro dias, com o máximo de 36 horas semanais. Com atraso, Lula autorizou o ministro Alexandre Padilha, seu coordenador político, a encostar o Planalto no debate.

Articula-se a fusão da PEC de Erika Hilton, líder do PSOL, com proposta semelhante, apresentada em 2019 pelo deputado petista Reginaldo Lopes. Ele também propôs a jornada semanal de 36 horas, com transição de dez anos. Embora não exista ainda maioria no Congresso para aprovar a PEC, o Planalto trabalha com a perspectiva de extrair dividendos políticos da boa repercussão do tema.

A novidade surge num instante em que a gestão Lula caminha de lado. O presidente está às voltas com a constrangedora barafunda de um corte de gastos empurrado com a barriga há semanas. Ao embarcar no debate trabalhista de carona, o Planalto expõe uma das principais fragilidades do governo.

Na bica de fazer aniversário de dois anos, Lula 3 não dispõe de um GPS capaz de guiá-lo no surpreendente universo das redes sociais. Analógico, o presidente se vangloria de não usar telefone celular.

Desconectado e mal assessorado, é apanhado de surpresa pela viralização do debate sobre redução de jornada, sua velha conhecida desde a década de 70 do século passado. Uma época em que o sindicalismo era pulsante e rede era apenas uma peça de pano usada para dormir.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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