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Josias de Souza

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Bolsonaro agora atribui rejeição do voto impresso à ficha suja de deputados

Colunista do UOL

09/08/2021 14h48

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Depois de comprar briga com o Judiciário, Bolsonaro sinaliza a intenção de se indispor com o Legislativo. Admite que a proposta que cria o voto impresso será rejeitada pelo plenário da Câmara. Atribui a novidade não à eficiência das urnas eletrônicas, mas a uma fictícia pressão de Luís Roberto Barroso. Nessa versão, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral "apavorou" os parlamentares, que cederam por receio de enfrentar retaliações judiciais.

"Se não tiver uma negociação antes, um acordo, vai ser derrotada a proposta, porque o ministro Barroso apavorou alguns parlamentares", declarou Bolsonaro. "E tem parlamentar que deve alguma coisa na Justiça, deve no Supremo, né? Então, o Barroso apavorou. Ele foi para dentro do Parlamento fazer reuniões com lideranças e praticamente exigindo que o Congresso não aprovasse o voto impresso.

O que Bolsonaro afirmou, com outras palavras, foi mais ou menos o seguinte: Barroso é chantagista. E os deputados se rendem à chantagem porque têm a ficha suja no Supremo. Considerando-se que aliados do Planalto ajudarão a sepultar a emenda constitucional do voto impresso, o presidente da República lança seus próprios apoiadores na vala comum dos enlameados.

Mais cedo, em entrevista à CBN, o presidente da Câmara, Arthur Lira, também dissera que é pequena a chance de aprovação do voto impresso. Porém, estimou que a reação de Bolsonaro seria boa, pois o presidente, "no âmbito da relação com a Câmara dos Deputados, tem sido muito cordato com relação às coisas como acontecem."

De resto, Lira disse ter telefonado para o presidente na semana passada. "Eu relatei que, embora não usual, para ter um ponto final, traria a proposta para o plenário. Depois de ouvir algumas pessoas e refletir sobre o assunto, eu me convenci de que era a decisão mais acertada. O presidente Bolsonaro, numa ligação telefônica, me garantiu que respeitaria o resultado. Eu confio na palavra do presidente da República ao presidente da Câmara."

Então, tá!