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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Amor da Febraban pela democracia sai do armário com um atraso de 72 horas

Mateus Bonomi/AGIF
Imagem: Mateus Bonomi/AGIF

Colunista do UOL

03/09/2021 11h49

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Quem escolhe o momento exato economiza muito tempo. O amor da Febraban pela democracia levou 72 horas para sair do armário. Se as casas bancárias associadas à entidade dedicarem o mesmo apreço retardatário às carteiras de investimento que administram, a clientela perderá muito dinheiro.

Moralmente ligeiros, os banqueiros começaram a engolir sapos distraídos há pelo menos dez meses, desde que Paulo Guedes referiu-se à Febraban como "casa de lobby honrada" que financia estudos para "ministro gastador".

Politicamente devagar, a Febraban só reagiu quando lhe doeu a ideia de que fazia o papel de um baronato desatento, numa peça confusa, em que o protagonista era o Paulo Skaf e o epílogo era uma fuga sob o bombardeio de duas logomarcas estatais: Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.

Intelectualmente lentos, os banqueiros demoraram a perceber o bem que a agroindústria fez a si mesma ao reagir instantaneamente contra o recuo de Paulo Skaf, um quase-ex-futuro-presidente da Fiesp.

Divulgado com a rapidez de um raio, o manifesto de sete entidades do agronegócio teve o efeito de um feixe de luz em meio ao apagão empresarial.

Ficou demonstrado que, diante da intensidade dos ataques de Bolsonaro à democracia, as três velocidades da Febraban —moralmente ligeira, politicamente devagar e intelectualmente lenta— são insultuosas.

Ficou entendido também que os manifestos empresariais que começam a pipocar no noticiário com atraso indicam que o PIB já não se dispõe a pular na cova junto com Bolsonaro.