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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Bolsonaro vincula o socorro aos mais pobres à pretensão de se reeleger

Colunista do UOL

24/09/2021 09h32

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A popularidade de Bolsonaro cai na proporção direta do crescimento da carestia. O Auxílio Brasil, versão vitaminada do Bolsa Família, é economicamente necessário e socialmente indispensável. Mas passou a ser tratado por Bolsonaro nos bastidores do governo como uma iniciativa vital para sua sobrevivência, não dos brasileiros que têm dificuldades para encher a geladeira. Para o presidente, está em jogo a sua reeleição.

O auxílio emergencial, que variava de R$ 600 a R$ 1.200 no ano passado, agora oscila entre o irrisório (R$ 150) e o insignificante (R$ 375). Combinando-se a queda dos valores com a alta da inflação, houve uma perda de 78,7% no valor de compra do vale pandemia. A última parcela da versão mais mixuruca do auxílio será paga em outubro. E Bolsonaro quer colocar no lugar o novo programa de renda mínima.

Hoje, o valor médio do benefício do Bolsa Família é de cerca de R$ 190. Preocupados com a renovação dos próprios mandatos, parlamentares do centrão sonham com um auxílio de R$ 600. Bolsonaro fala em R$ 400. Paulo Guedes, gestor da chave do cofre, avalia que, por ora, não está assegurado nem o benefício de R$ 300, que considera mais realista.

Para colocar o Auxílio Brasil em pé, o Planalto flerta com uma pedalada fiscal: o parcelamento das dívidas judiciais. E derrama suor no Senado para aprovar uma reforma do Imposto de Renda. Seja qual for o resultado do esforço, está entendido que a responsabilidade fiscal foi para o beleléu.

Em abril de 2019, quando anunciou pela primeira vez que poderia disputar um novo mandato, Bolsonaro reconheceu que a reeleição tem sido "péssima" para o país, porque os governantes "se endividam, fazem barbaridade e dão cambalhota" para se reeleger. O governo Bolsonaro vive a fase das cambalhotas fiscais.