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Reunião de Fux e Lira é um flerte com o absurdo
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Ao suspender a execução do Orçamento paralelo e ordenar que as emendas secretas e seus beneficiários sejam expostos na vitrine em 30 dias, a ministra Rosa Weber levou a mão ao interruptor que iluminará o escárnio. Ao receber Arthur Lira e outros parlamentares para uma conversa sobre a conveniência de apagar a luz que a liminar de Rosa deseja acender, Luiz Fux flertou com o absurdo.
Lira e Fux exercem papeis análogos. Embora sejam presidentes da Câmara e do Supremo, eles não têm poderes para impor suas vontades aos colegas. São meros coordenadores da pauta. A diferença entre ambos é que Lira reina na escuridão da Câmara distribuindo verbas públicas à sua camarilha como se fosse dinheiro grátis. Ao recebê-lo, Fux contribui para a progressiva deterioração da imagem do Supremo como Poder independente.
No despacho que eletrificou os subterrâneos de Brasília, Rosa Weber foi ao ponto. Disse que "causa perplexidade" a distribuição de bilhões em verbas do orçamento federal para que congressistas selecionados "utilizem recursos públicos conforme seus interesses pessoais." Classificou a mesada secreta como algo "incompatível com a forma republicana e o regime democrático de governo".
Bolsonaro considerou a liminar de Rosa Weber injusta. Lira avalia que a ministra subverte a autonomia entre os Poderes. Quem discorda de uma decisão judicial deve recorrer, expondo seus pontos de vista nos autos. Lira recorreu. O que torna a visita ao Supremo desnecessária.
Fux acha que seu encontro com Lira não tem nada demais. Entretanto, não há força no universo capaz de deter a maledicência segundo a qual nada é uma palavra que ultrapassa tudo nas conversas em que magistrados cedem suas orelhas aos embargos auriculares de advogados ou de personagens encrencados.
O projeto centrão de poder baseia-se na ocupação predatória do Estado. Seu objetivo central é assegurar que as verbas do Orçamento federal continuem escoando pelo ladrão. Com a luz acesa, é difícil controlar o jorro. Se o petrolão e o mensalão ensinaram alguma coisa foi que, no escuro, é mais fácil converter a coisa nossa em cosa nostra.
O Supremo precisa referendar a liminar de Rosa Weber. O contribuinte brasileiro tem o direito de saber como e onde os parlamentares malversam o dinheiro arrancado dos seus bolsos.
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