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Lira soa mal-agradecido ao desdenhar Bolsonaro
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Em entrevista à Folha, Arthur Lira confirmou que seu partido deve comparecer à sucessão de 2022 abraçado a Bolsonaro. E reconheceu que deseja ser reconduzido à presidência da Câmara. Tentou dissociar uma reeleição da outra. "A vida do presidente Bolsonaro é uma, a minha vida é outra", ele disse. Lira pode estar sendo mal-agradecido com Bolsonaro, talvez o principal responsável por sua chegada ao comando da Câmara.
Numa outra entrevista, publicada no final de semana pelo site The Intercept Brasil, o deputado Delegado Waldir, ex-líder do PSL, revelou que o apoio de Bolsonaro a Lira não foi apenas retórico. Teve um componente monetário. Segundo ele, deputados foram brindados com R$ 10 milhões em emendas secretas do orçamento federal para votar no líder do centrão. O próprio Waldir diz ter recebido a oferta. Mas alega que acabou amealhando apenas R$ 450 mil porque o governo o retaliou por ter brigado com Bolsonaro no rompimento do presidente com o PSL.
Chegamos à seguinte situação: um deputado sustenta, em entrevista gravada, que a eleição de Lira à Presidência da Câmara foi maculada pela compra de votos com verbas públicas de um orçamento federal secreto. E Lira, beneficiário do esquema, desdenha da influência que o inquilino do Planalto pode ter no seu plano para ser reconduzido ao cargo. Quem lê as duas entrevistas sabe que está no centro de uma crise de significado do idioma ou numa roda de cínicos.
Na sua entrevista, concedida antes que ele soubesse que o ex-bolsonarista Waldir levara os lábios ao trombone, Lira soou desafiador: "Quero que um parlamentar diga que conversou comigo e eu ofereci ou que alguém ofereceu emendas em troca de votar uma matéria." Agora, há na praça um deputado que sustenta que a própria eleição de Lira foi comprada com emendas secretas. A situação pede uma reação qualquer, nem que seja uma cara de nojo. Se o Brasil fosse um país normal, a Procuradoria-Geral da República já teria aberto um inquérito.
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