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Bloqueio do Telegram é paulada em Bolsonaro
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Na ordem judicial em que determinou o bloqueio do Telegram no Brasil, o ministro Alexandre de Moraes mencionou Allan dos Santos e a recusa do aplicativo em retirar do ar perfis tóxicos do blogueiro bolsonarista. Mas o sujeito oculto do despacho de Moraes tem outro nome. Chama-se Jair Bolsonaro. É como se o ministro, que assumirá a presidência do Tribunal Superior Eleitoral em agosto, dois meses antes das eleições, tentasse vacinar a campanha presidencial de 2022 contra duas infecções políticas: a desinformação e o ódio.
Graças às suas características, o Telegram virou uma espécie de terreno baldio no qual os produtores de fake news jogam lixo. A migração da família Bolsonaro e dos bolsonaristas do WhatsApp para o Telegram acendeu uma luz amarela no painel de controle do Judiciário. A recusa do aplicativo em responder às demandas judiciais fez brilhar a luz vermelha. Presidente do TSE até o mês passado, o ministro Luís Roberto Barroso já havia emitido vários sinais de alerta.
Depois que seus pedidos de colaboração foram ignorados pelo Telegram, Barroso dissera que nenhum ator relevante no processo eleitoral poderia atuar no país à margem das leis. "O Brasil não é casa da sogra". O Telegram já foi suspenso em pelo menos dez países. O bloqueio atinge também quem usa o aplicativo para atividades lícitas. Mas a aversão à moderação de conteúdo fez com que o aplicativo caísse no gosto dos delinquentes —de neonazistas a pedófilos, de traficantes de armas a difusores de notícias falsas.
Ao contrário do WhatsApp, que limita os grupos a 256 membros, o Telegram autoriza comunidades virtuais com 200 mil pessoas. No ano passado, durante o julgamento em que o TSE livrou a chapa Bolsonaro-Mourão da cassação, Alexandre de Moraes avisara que iria "para a cadeia" quem repetisse em 2022 o golpe das notícias falsas e dos disparos em massa. Foragido nos Estados Unidos, Allan dos Santos desafia a estrela do xerife fazendo piada com a ordem de prisão emitida contra ele por Moraes. O ministro reagiu ao escárnio mostrando o porrete para o aplicativo predileto de Bolsonaro e do bolsonarismo.
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