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Ataque do Zero Três a Míriam Leitão mistura ignorância com truculência
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Jean-Paul Sartre ensinou que família é como varíola: "A gente tem quando criança e fica marcado para o resto da vida." Na organização familiar dos Bolsonaro, quem sai ao patriarca não endireita. O deputado Eduardo Bolsonaro, terceiro filho da linhagem presidencial, abespinhou-se porque Míriam Leitão anotou na sua coluna de domingo que "Bolsonaro é inimigo confesso da democracia." Em reação, o Zero Três correu às redes sociais para debochar da tortura sofrida pela jornalista durante a ditadura militar.
Presa num quartel do Exército no Espírito Santo em 1972, Míriam foi levada para um pátio. Nua, levou chutes e tapas de soldados. Depois, trancaram-na numa sala escura com uma jiboia. Estava grávida. Eduardo Bolsonaro escreveu que ainda sente pena da cobra. Ele imita o presidente, que também já ironizou o suplício imposto à jornalista. Pai e filho carregam na personalidade uma mistura tóxica de ignorância pessoal com autoritarismo político.
A ignorância impede que percebam que alguém que sofreu a truculência da tortura e exerce o jornalismo com a dignidade e a coragem que caracterizam o trabalho de Míriam Leitão não se intimidará com ameaças ou gracejos ordinários. O autoritarismo não permite que notem o quão abjeto é o comportamento de gente que elogia torturadores e defende a volta do AI-5 escondidos atrás de mandatos obtidos numa democracia que foi conquistada à custa do sofrimento alheio.
O distúrbio dos Bolsonaro não é político. O caso é de psicopatia.
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