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Ideia de que o Senado será trincheira de resistência a Bolsonaro é ilusória
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Depois de anotar no Twitter que as manifestações golpistas do 1º de Maio, além "ilegítimas e antidemocráticas", foram "anomalias graves", o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, visita o chefe do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, nesta terça-feira. Vende-se a ilusão de que se trata de uma operação de resgate. Entretanto, a ideia de que um par de tuítes e uma visita de Pacheco a Fux podem transformar o Senado numa trincheira de resistência contra as investidas antidemocráticas de Bolsonaro e do bolsonarismo é sólida como um pote de gelatina.
Na tragédia que leva Bolsonaro a roer a democracia por dentro como um cupim institucional, Pacheco é parte do problema, não da solução. O personagem foi eleito presidente do Senado numa articulação comandada pelo antecessor Davi Alcolumbre. Nela, a simpatia dos senadores com a ascensão de Pacheco foi impulsionada pela liberação de verbas do Orçamento federal secreto.
Eleito, Pacheco alistou-se discretamente no pelotão parlamentar de Bolsonaro. Para manter a pose, contraria o Planalto de raro em raro, como quando arquivou o pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes. Mas, no geral, joga a favor do governo.
Por exemplo: Reteve a mais não poder a CPI da Covid. Só desengavetou a CPI quando o ministro do Supremo Luís Roberto Barroso determinou. Pacheco endossou articulação de Alcolumbre para tricotar a recondução para um segundo mandato do antiprocurador Augusto Aras, chefe do departamento de blindagem de Bolsonaro.
Depois de receber Pacheco, Luiz Fux se reunirá com o ministro da Defesa, general Paulo Paulo Sergio de Oliveira. O mesmo que, dias atrás, considerou "grave ofensa" o comentário de Luís Roberto Barroso segundo o qual as Forças Armadas estão sendo orientadas a desacreditar o processo eleitoral.
Desde então, Bolsonaro forneceu várias evidências de que Barroso está certo. Faz dos militares bucha de canhão para desacreditar as urnas. Mas o general Paulo Sérgio não se mostrou ofendido.
Com aliados assim, o Supremo continuará indefeso, Bolsonaro impune e a democracia em apuros. Se a conjuntura serve para alguma coisa é para mostrar que o melhor que os magistrados podem fazer é trocar o lero-lero político, por pronunciamentos feitos nos autos processuais —de preferência sem agachar.
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