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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rejeição pode render a Bolsonaro título de primeiro presidente não reeleito

Colunista do UOL

27/05/2022 09h19

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Bolsonaro se organizou para uma disputa em dois turnos. No primeiro, cultivaria a fidelidade do pedaço mais radical do eleitorado para assegurar sua presença no round final. No segundo turno, sacudiria o lençol do fantasma da comunização do país para derrotar Lula. Os índices de avaliação do governo e a taxa de rejeição do presidente demonstram que a estratégia não está funcionando. O desafio de Bolsonaro passou a ser impedir que seu rival prevaleça em turno único.

A despeito do populismo eleitoral de Bolsonaro, o Datafolha revela que a avaliação do governo se manteve estacionada desde março, com variações dentro da margem de erro. A aprovação é mixuruca. Apenas 25% consideram o governo ótimo ou bom. A reprovação é graúda: 48%. Bolsonaro ostenta a pior avaliação já atribuída a um presidente no período pós-redemocratização. Continua amargando o título de candidato mais rejeitado: 54% dos eleitores declaram que jamais votariam nele. Na outra ponta, Lula saboreou um declínio da sua rejeição de 37% para 33%.

O presidente não foi o único a receber más notícias do Datafolha. Somando-se os índices de intenção de voto de Lula e Bolsonaro, chega-se à marca de 75 pontos. Ou seja: continuam livres sobre o tabuleiro, à disposição de Ciros, Simones e Janones, 25 pontos. Há dois meses, havia 31 pontos em jogo. Encurtou-se a margem de manobra para candidatos de terceira via e de outras pistas paralelas.

A alta rejeição de Bolsonaro e a escassez de alternativas conspiram a favor da vitória de Lula em primeiro turno. Bolsonaro vai se tornando candidato favorito ao título de primeiro presidente a não obter a reeleição para um segundo mandato no Brasil pós-redemocratização. O capitão talvez se arrependa de ter contribuído com sua pancadaria para empurrar as candidaturas de Sergio Moro e João Doria no desfiladeiro.