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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Há um cheiro de tarcisiofobia na disputa de SP

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Imagem: Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Colunista do UOL

10/06/2022 16h11

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A exemplo de Sergio Moro, Tarcísio de Freitas está emocionalmente preso a São Paulo por grilhões de barbante. Carioca, o ex-ministro da Infraestrutura estava radicado em Brasília. Transferiu seu título eleitoral para a cidade de São José dos Campos a toque de caixa com o propósito de erguer o palanque de Bolsonaro no estado de São Paulo. A julgar pela quantidade de tentativas de deter a candidatura de Tarcísio no tapetão da Justiça Eleitoral, a manobra do presidente foi certeira.

Tarcísio foi alvejado por pelo menos três pedidos de impugnação de sua candidatura por inconsistência na transferência do domicílio. Um já desceu ao arquivo. Outro corre em sigilo. Um terceiro foi patrocinado pelo PSOL, legenda vinculada à caravana petista de Fernando Haddad.

Se o candidato bolsonarista não estivesse em ascensão nas pesquisas, sua situação domiciliar seria ignorada. Mas Rodrigo Garcia (PSDB) come poeira na quarta colocação. Márcio França (PSB), o segundo colocado, vê o candidato de Bolsonaro crescendo no retrovisor. E o líder Fernando Haddad (PT) sente um aroma de queimado. É o cheiro da tarcisiofobia.

Tomada pelo histórico, a Justiça Eleitoral é a ramificação concessiva do Judiciário. Diz o célebre brocardo latino: Dura lex, sed lex. A lei é dura, mas é a lei. Nas varas eleitorais, submetidas às conveniências políticas, prevalece uma variante do latim: Dura lex, sed látex. A lei é dura, mas estica.

O problema é que, ao despachar Sergio Moro de volta para o Paraná, bloqueando os planos do ex-juiz de disputar uma cadeira de senador por São Paulo, o Tribunal Regional Eleitoral paulista impôs um novo padrão. A análise do amor repentino do carioca Tarcísio por São Paulo precisa passar pelo mesmo filtro apertado que bloqueou Moro.