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Para tirar inflação do ombro, Bolsonaro torra Eletrobras e trava Petrobras
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Operando no modo eleitoral "vai ou racha", Bolsonaro está disposto a tudo para retirar dos seus ombros o peso da inflação, que inibe seu crescimento nas pesquisas. Pela reeleição, o presidente se dispõe a gastar uma Eletrobras para pagar a redução de impostos nos estados. E mantém a Petrobras sob intervenção para tentar travar novos reajustes dos combustíveis. O represamento artificial produzirá uma explosão posterior dos preços. Mas isso não chega a ser um problema relevante para Bolsonaro, pois o estouro viria depois da eleição.
A aprovação no Senado do projeto que impõe um teto de 17% para o ICMS cobrado pelos estados sobre combustíveis, energia, transporte público e telecomunicações foi uma vitória de Bolsonaro. Hoje, há estados que cobram 34%. Essa proposta é parte de um pacote que prevê zerar até o fim do ano eleitoral os tributos sobre gasolina e gás de cozinha —já há isenção sobre o diesel. Os seis meses de refresco custarão por baixo R$ 46 bilhões, podendo chegar a R$ 50 bilhões. Vai pelo ralo uma cifra superior aos ganhos obtidos com a privatização da Eletrobras.
Como Bolsonaro não controla a cotação internacional do barril de petróleo, mantém a Petrobras sob intervenção. Tenta travar os reajustes dos combustíveis até as eleições. Estima-se que a defasagem no preço da gasolina esteja em 18%. A do Diesel, 19%. José Mauro Coelho comanda a estatal como um presidente demitido ainda no exercício do cargo. Resiste à ideia de renunciar para apressar a posse de Caio Paes de Andrade. O governo promove um salseiro no conselho de administração da companhia, no pressuposto de que a confusão inibirá a mexida nos preços. Nem Dilma Rousseff ousou tanto.
Se tudo correr como planejado pelo comitê da reeleição, o preço da gasolina cairá R$ 1,65%. O do diesel, R$ 0,76. Mas Bolsonaro já superfaturou os ganhos hipotéticos. Para ele a gasolina cairá R$ 2 e o diesel R$ 1. "Eu mesmo fiz a conta", declarou o presidente.
Vale a pena acompanhar a descrição dos cálculos feita por Bolsonaro: "Quando você fala por exemplo gasolina, Pis/Cofins: 79 centavos, arredonda pra 80. Bota uma média aí de 30% icms, que erradamente é cobrado no preço final da bomba. Vamos falar que tá R$ 7 o preço da gasolina, eu sei que está um pouquinho mais, 30 [por cento] vezes 7 [reais] da R$ 2,10, com 90, cai mais até do que eu tô... Não, porque vai ficar 17%. Então vai chegar na casa de 2 reais a gasolina e 1 o diesel".
Com esse tipo de cálculo, Bolsonaro pode tentar a sorte no ramo da quiromancia se o eleitor o enviar para o olho da rua em outubro.
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