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Bolsonaro opta por Braga Netto graças à desconfiança que nutre do centrão
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A escolha de Walter Braga Netto para vice na chapa à reeleição confirma que a lógica de Bolsonaro é um método sistemático de chegar à decisão errada com elevado grau de convicção. Segundo o Datafolha, o presidente está 19 pontos atrás de Lula. Rala uma rejeição de 61% junto ao eleitorado feminino. A lógica convencional o levaria a optar pela ex-ministra Tereza Cristina, uma mulher com votos. Preferiu uma farda sem voto mais por desconfiar do centrão do que por confiar no general.
O primeiro mandato de Bolsonaro revelou-se desastroso no atacado e no varejo. Mas o "Fora Bolsonaro" foi abafado pela falta de apoio do asfalto e pela percepção de que o grito levaria para o trono o general Hamilton Mourão. Na visão de Bolsonaro, Braga Netto é uma espécie de Mourão sem língua —o mesmo seguro-impeachment, só que sem o inconveniente do bumbo.
Em vez de projetar um novo governo mais qualificado, Bolsonaro se desqualifica antecipadamente blindando um segundo mandato que parece cada vez mais improvável. O presidente enxerga em Tereza Cristina, filiada ao PP de Ciro Nogueira e Arthur Lira, algo que falta aos generais: identidade política. Isso aproxima a ex-ministra da Agricultura de Itamar Franco e Michel Temer, os vices que viraram versa. Collor caiu quando Itamar acenou para a oposição. Dilma foi deposta numa articulação com as digitais de Temer.
Braga Netto deve a candidatura a vice ao centrão, o grupo que ajudou a mandar Dilma mais cedo para casa. O que consolidou a preferência de Bolsonaro por Braga Netto foi a desconfiança que o capitão nutre pelo centrão. O sentimento é plenamente correspondido.
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