Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Simplicidade do caso do MEC causa desespero
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A perspectiva de instalação da CPI do MEC elevou o grau de desespero do comitê da reeleição. O que explica a exasperação é a simplicidade do escândalo. Os fatos são de fácil compreensão. Expostos numa CPI durante os três meses que faltam para a eleição prejudicariam qualquer candidatura. Para um presidente que disputa a reeleição brigando contra sua própria precariedade, uma CPI assim pode cair sobre a campanha eleitoral como terra jogada sobre o túmulo.
O caso não envolve paraísos fiscais ou contabilidades secretas. O escândalo é simples como o ABC. A, descobriu-se que foi montado um balcão no Ministério da Educação durante a gestão do pastor Milton Ribeiro. B, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura trocaram propinas por verbas públicas em cima desse balcão. C, duas gravações colocaram a cara de Bolsonaro no epicentro da fogueira. Numa o então ministro disse ter colocado pastores na porta do cofre a pedido de Bolsonaro. Noutra, disse ter sido informado pelo presidente sobre uma batida policial que ocorreria no seu apartamento 13 dias depois.
Não é preciso ser um eleitor com mais de 16 anos para entender o que se passa. Qualquer criança de cinco anos é capaz de enxergar os meandros do escândalo. Daí o desespero que leva o Planalto a investir contra a instalação de mais uma CPI.
O que preocupa Bolsonaro não é a repercussão criminal. A blindagem de Augusto Aras o tranquiliza. O presidente tampouco está preocupado com Milton Ribeiro ou com seus pastores de estimação. Eles que se expliquem. O que atormenta Bolsonaro é a repercussão eleitoral de um caso que mexe com dois fetiches do bolsonarismo: a fábula do governo sem corrupção e a ilusão de que a parceria com pastores de fancaria assegura os votos de todos os evangélicos.
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