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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Moraes precisa esclarecer para que serve estrela de xerife que leva na toga

Colunista do UOL

16/08/2022 09h37

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A posse de Alexandre de Moraes na presidência do Tribunal Superior Eleitoral, nesta terça-feira, deveria ser apenas mais um evento burocrático na rotina enfadonha de Brasília. Graças às mentiras e ameaças de Bolsonaro, virou uma das cerimônias mais concorridas da temporada de 2022. Normalmente, Moraes se limitaria a coordenar mecanicamente o processo eleitoral. Em outubro de 2021, um ano antes da eleição, grudou uma estrela de xerife na toga. Agora, terá que esclarecer para que serve o distintivo.

Moraes se autoconverteu em xerife no final do julgamento em que o TSE constatou, com atraso de três anos, que Bolsonaro prevaleceu em 2018 disparando notícias falsas pelo WhatsApp. Em decisão unânime, a Corte livrou a chapa Bolsonaro-Mourão da cassação por entender que não havia digitais da dupla no malfeito e faltaram provas de que a bruxaria foi determinante para o resultado das urnas. Ao votar, Moraes avisou o que aconteceria com os que ousassem reincidir no golpe quando ele estivesse presidindo o TSE: "Irão para a cadeia".

Decorridos dez meses, Moraes evoluiu da ameaça para a contemporização. Ministros de Bolsonaro informam nos bastidores que estariam na bica de convencer Moraes a aceitar sugestões das Forças Armadas para um hipotético aperfeiçoamento do sistema eleitoral. Coisas como ajustes no teste de integridade das urnas, e mudanças no sistema de auditoria. Em troca, Bolsonaro passaria a levar sua língua na coleira. Não seria a primeira vez que Moraes negocia um armistício com Bolsonaro. Nas vezes anteriores, o ministro comprou terreno na Lua.

Antes do início da campanha de 2018, o TSE trombeteou que não toleraria o uso das redes sociais para a difusão de mentiras, Presidente do tribunal na época, o ministro Luiz Fux chegou a dizer que seriam expurgados do processo eleitoral candidatos que jogassem sujo na internet. O que se verificou foi a conversão dos visores dos celulares em terrenos baldios à disposição das milícias eletrônicas. A atmosfera continua envenenada. A reiteração do fenômeno em 2022 faria de Moraes o presidente de uma espécia de Fake TSE, um tribunal que não consegue a fala grossa dos seus ministros punições.

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