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Miopia do eleitor não pode ser maior que o descaramento de Gabriel Monteiro
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O mandato de vereador de Gabriel Monteiro mal havia sido cassado pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro e ele já pedia votos para ser enviado à Câmara dos Deputados. "Serei o deputado federal mais combativo", escreveu o personagem para os seus milhares de seguidores nas redes sociais. Será?!?!?
Se Gabriel Monteiro estiver certo, se sua esplendorosa desqualificação for mesmo premiada, se o seu resplandecente descaramento obtiver nas urnas de outubro um passaporte para Brasília, será impossível criticar o personagem e continar tratando seus eleitores com punhos de renda.
Gabriel Monteiro tornou-se vereador, em 2020, com a cumplicidade de 60.326 votos. Amealhou a terceira maior votação daquela eleição. Candidata-se agora à Câmara federal como se nada tivesse sido descoberto sobre ele.
Seria desalentador descobrir após a abertura das urnas de outubro de 2022 que, em vez de sepultar a carreira política de um sujeito tão desqualificado, o eleitor do Rio de Janeiro preferiu matar o que resta de sua combalida reputação.
A máquina de moer democracia encontra-se em pleno funcionamento. Assumiu a poltrona de vereador de Gabriel Monteiro o suplente Matheus Floriano. Figura impoluta. Acaba de morder R$ 51,5 mil das folhas secretas da administração do governador fluminense Cláudio Castro.
O PL, partido de Bolsonaro, fornece gostosamente a legenda para que Gabriel Monteiro dispute uma vaga de deputado federal. Ele é visto como puxador votos. O presidente da República, companheiro de partido do inominável, não diz palavra. O Quem olha de longe tem dificuldade para distinguir quem é quem.
Cassado, Gabriel Monteiro deveria permanecer inelegível por oito anos. Mas a Justiça Eleitoral ameaça homologar a nova candidatura do inadmissível. Alega-se que o pedido de registro chegou antes da cassação.
Gabriel Monteiro imprime na conjuntura um rastro pegajoso de complicações criminais que inclui até a acusação de estupro de menor. Mas continua fazendo pose de cristão inocente.
"Fui eleito e em menos de dois anos provei que função de vereador é fiscalizar e não ficar curtindo ar condicionado no gabinete", escreveu nas redes sociais. "Deus meu deu o mandato, Deus tomou o mandato, glória a Deus por tudo".
Os fatos intimam o eleitorado do estado do Rio de Janeiro a agir em legítima defesa. A miopia do eleitor não pode ser maior que o descaramento de Gabriel Monteiro.
Há sempre a alternativa de lavar as mãos, entregando o caso à divina providência. Se preferir esse caminho, caro eleitor fluminense, tudo bem. Mas não se queixe amanhã, quando descobrir que Deus está morto. Sua omissão o matou. Restará rezar e pedir perdão. Com sorte, você descobrirá que a crise da democracia é você.
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